No ano em que Adolf Hitler subiu o poder, Alex Vömel assumiu a direção da galeria (Flickr)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2013 às 09h19.
Berlim - O Museu da Coleção de Arte da Renânia do Norte-Vestfália, na Alemanha, não foi capaz de determinar a origem de 33 obras de sua propriedade, as quais poderiam ter sido saqueadas pelos nazistas, comunicou nesta sexta-feira o museu.
A diretora da coleção, Marion Ackermann, se referiu concretamente a duas solicitações de restituição apresentadas pelos herdeiros do lendário galerista Alfred Flecthheim (1878-1937).
No entanto, ''até o momento'', a diretora não foi capaz de dar uma resposta a esses pedidos, já que não puderam determinar com exatidão os proprietários originais das duas obras em questão, ''Federpflanze'', de Paul Klee, e uma natureza morta cubista de Juan Gris.
Desta forma, Marion pediu ao governo alemão interceder perante a França para poder estudar o arquivo da Galeria Daniel-Henry Kahnweiler, chamada hoje de Galeria Louise Leiris, ''para obter um melhor resultado''.
Caso essa pesquisa não apresente nenhum resultado, os próprios políticos terão que decidir sobre essa possível devolução dos quadros reivindicados como um ato de ressarcimento moral, assinalou a diretora.
Outra das ''obras centrais'' da coleção, o quadro ''Die Nacht'' (''A Noite''), de Max Beckmann, também poderia constituir um caso de litígio, já que os herdeiros de Flechtheim apresentaram um pedido de pesquisa que ainda não constitui um requerimento formal de devolução, indicou o museu.
Segundo a galeria, outros 11 quadros que terão suas origens estudadas, já foi possível descartar que seu proprietário legal seja Flechtheim.
Por enquanto, desde 2009, os historiadores de arte da coleção puderam esclarecer a procedência de 146 obras, cuja propriedade durante a ditadura nazista, entre 1933 e 1945, despertava dúvidas.
Entre os 33 quadros cuja origem ainda precisa ser determinada, encontra-se: ''Desnudo sentado'', de Pablo Picasso, ''Der Eiserne Steg'', de Beckmann, assim como quadros de Hans Arp, Georges Braque e Henri Matisse, entre outros.
De acordo com Anette Kruszynski, responsável por esse projeto de pesquisa, existem grandes ''lacunas'' no que se diz respeito à procedência destes quadros. ''Em uma colagem de Kurt Schwitters, por exemplo, não existe nenhum dado sobre o paradeiro da obra entre os anos de 1920 e 1952'', assinalou.
No ano em que Adolf Hitler subiu o poder, Alex Vömel, representante durante muitos anos de Flechtheim e membro do Partido Nacional Socialista (NSDAP) e das tropas de assalto, assumiu a direção da galeria dos mecenas judeus em Düsseldorf.
Até hoje, os especialistas não conseguiram esclarecer se esse foi o primeiro caso de ''arianização'', como se chamou a desapropriação de bens pertencentes aos judeus em beneficio dos cidadãos de origem ''ariana''.
Flechtheim fugiu da Alemanha em 1933 e, quatro anos depois, morreu em Londres.
A busca das artes roubadas pelos nazistas desenvolvidas pelas galerias alemãs se fundamenta nos ''Princípios de Washington'' de 1998, que tem como meta intensificar em museus e bibliotecas a busca de bens culturais expropriados aos perseguidos e achar soluções justas e adequadas aos pedidos de devolução.