Um nome de peso na exposição é Invader, que utiliza a técnica do mosaico e o jogo de videogame Space Invader como base de seu trabalho (Reprodução/space-invader.com)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2011 às 16h48.
São Paulo - Apesar de os artistas urbanos virem apresentando trabalhos cada vez mais refinados, ainda há quem ache que essa arte não passa de depredação do patrimônio público e de apropriação indevida do espaço. Essa mentalidade, porém, vem mudando graças a iniciativas como a exposição "De Dentro para Fora/ De Fora para Dentro" que, em sua segunda edição, chega ao Masp com obras de oito artistas renomados na arte urbana mundial. Durante um mês, eles usaram a área de dentro e de fora do museu como base e ateliê para grafite, fotografia, vídeo, escultura, pintura, muralismo, colagem e instalações.
Em 2009, a mostra, que só tinha artistas brasileiros, atraiu mais de 140 mil visitantes. Esse ano, para apresentar novidades, apenas estrangeiros foram convidados. Participam os franceses Remed, JR e Invader, o tcheco Point, os argentinos Tec, Defi e Chu e a norte-americana Swoon.
Segundo Baixo Ribeiro, um dos curadores da exibição, os profissionais foram escolhidos por terem identidade visual forte e linguagem jovem. "O trabalho deles desconstrói a ideia de que a arte tem lugar certo para estar", diz. "Na verdade, eles transformaram o museu e o entorno dele numa só obra de arte", completa. Alguns artistas, inclusive, até extrapolaram os limites ao redor. Swoon, por exemplo, espalhou obras pelos bairros de Pinheiros, Sumaré e Vila Madalena.
A artista norte-americana, um dos destaques do evento, tem a carreira promissora marcada por discussões sociais. Em 2009, ela construiu abrigos no Haiti, a partir de uma técnica de adobe (tipo de tijolo de barro) moldado em grandes sacos de plástico. Com a ajuda das comunidades, Swoon acabou montando casas que se assemelhavam a esculturas, mudando a paisagem urbana da capital Porto Príncipe.
Outro nome de peso é Invader, que já escondeu intervenções urbanas em 22 cidades da Europa e distribuiu mapas para que as pessoas pudessem encontrá-las. O artista utiliza a técnica do mosaico e o jogo de videogame Space Invader como base de seu trabalho. Ele recria o mapa das cidades, apontando todas as suas interferências como o roteiro de um jogo que envolve a geografia local. As obras dele, aliás, já estão espalhadas por São Paulo. "Levamos o artista para visitar o cemitério de azulejos e ele se encantou com os decorados", conta Ribeiro. "Acabou usando esse material nas intervenções que pulverizou", completa.
Há também quem já tenha uma ligação com o Brasil. JR, outro participante, esteve no Rio de Janeiro em 2009. Lá, fez intervenções nos Arcos da Lapa e no Morro Dona Marta. No último, retratou os olhos das mulheres mais atuantes da comunidade em grandes fotos coladas nas paredes dos barracos. O artista também foi o responsável por uma das exposições mais controversas de 2007. Ele expôs, ilegalmente, retratos em grandes dimensões de israelenses e palestinos, frente a frente, em oito cidades palestinas e israelenses. Ribeiro aprova o estado de espírito: "É esse tipo de audácia, da arte conversando com a rua, que mostraremos. Todo museu deve abrir-se para as sensibilidades do seu tempo, não apenas para o jeito de fazer arte já consagrado". As informações são do Jornal da Tarde.
De Dentro para Fora/ De Fora para Dentro - De hoje a 23/12. De 3ª a domingo e feriados, das 11h às 18h. Masp (Avenida Paulista, 1578). Tel. (011) 3251-5644. R$ 15 e R$ 7 ( meia). Até 10 anos e acima de 60: grátis. Classificação livre.