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Morre Paulo Vanzolini, o cientista do samba

O compositor e zoólogo paulista morreu na noite deste domingo, 28, aos 89 anos


	Paulo Vanzolini foi talvez o mais graduado intelectual entre os sambistas brasileiros: fez doutorado em Harvard, era pesquisador do Instituto de Zoologia, herpetólogo e professor emérito da USP
 (PIERRE MERIMEE)

Paulo Vanzolini foi talvez o mais graduado intelectual entre os sambistas brasileiros: fez doutorado em Harvard, era pesquisador do Instituto de Zoologia, herpetólogo e professor emérito da USP (PIERRE MERIMEE)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2013 às 09h54.

São Paulo - O compositor e zoólogo paulista Paulo Emílio Vanzolini morreu na noite deste domingo, 28, aos 89 anos. Ele estava internado com quadro de pneumonia extensa, desde a quinta-feira, 25, no Hospital Albert Einstein, unidade Morumbi, onde ocorre o velório do seu corpo na manhã desta segunda.

O enterro deve ser realizado ainda hoje no Cemitério da Consolação, zona oeste de São Paulo. Ele faria um show na sexta e no sábado no clube Casa de Francisca, no Jardim Paulista, com acompanhamento de sua companheira, a cantora Ana Bernardo, e de amigos como o violonista Ítalo Perón e o pianista e cartunista Paulo Caruso. Celebraria os seus 89 anos, completados no dia 25.

O samba-canção Ronda, composto por ele, foi gravado por Inezita Barroso em agosto de 1953, sete anos depois de composto. Ele e a mulher, a cantora Ana Bernardo, acompanhavam Inezita na gravação de seu primeiro disco no Rio, Moda de Pinga.

Ela precisou de uma música de última hora e o autor lhe ofereceu Ronda. "Samba é paciência", sempre repetia Vanzolini. Em conversa com o pesquisador Assis Ângelo, por ocasião de um de seus últimos shows, em 2009, ele contou que levou 25 anos para terminar a letra de Pedacinhos do Céu.

Ele foi talvez o mais graduado intelectual entre os sambistas brasileiros de todos os tempos: fez doutorado em Harvard, era pesquisador do Instituto de Zoologia, herpetólogo (especialista em répteis) e professor emérito da Universidade de São Paulo. Foi também o autor da lei que criou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).


Nascido no Cambuci, no dia 25 de abril de 1924, a dupla militância (na música popular e na ciência) lhe rendeu elásticas relações: Chico Buarque gravou duas canções do primeiro disco com músicas de Vanzolini; e o médico e escritor Dráusio Varella foi seu aluno na USP e cientistas do quilate de Theodosius Dobzhansky, Emest Mayr e Aziz Ab’Saber eram seus amigos.

Foi parceiro de Eduardo Gudin, Elton Medeiros, Paulinho Nogueira, entre muitos outros.

Ele começou a compor seus sambas tipicamente paulistanos ainda no início dos anos 40. A obra é relativamente pequena - pelo menos a parte que o autor, perfeccionista, deixou vir à tona: é composta de aproximadamente 65 canções.

Delas, 52 podem ser conhecidas nos quatro CDs da caixa Acerto de Contas, que a gravadora Biscoito Fino lançou em 2003. Estão lá todas as mais famosas: Ronda, Volta por Cima, Praça Clóvis, Pedacinhos do Céu (letra de Vanzolini sobre melodia de Waldir Azevedo).

Em 2011, a gravadora EMI lançou Onze Sambas e uma Capoeira, gravações recuperadas do acervo da antiga Copacabana, de um disco lançado em 1967.

No álbum, destacam-se entre os intérpretes um imberbe Chico Buarque (em Samba Erudito e Praça Clóvis) e sua irmã Cristina Buarque (em Chorava no Meio da Rua), além dos arranjos de um certo Antônio Pecchi Filho, mais tarde consagrado como Toquinho.

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