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Morre atriz Doris Day, a namoradinha da América

Atriz foi alçada ao estrelato com suas românticas nos anos 1950 e 1960 em Hollywood

Doris Day em cena de "Volta, Meu Amor": atriz morreu aos 97 anos (Divulgação/Divulgação)

Doris Day em cena de "Volta, Meu Amor": atriz morreu aos 97 anos (Divulgação/Divulgação)

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AFP

Publicado em 13 de maio de 2019 às 17h56.

A atriz americana Doris Day, a estrela loura de voz diáfana que encarnou a namoradinha da América em musicais e comédias românticas nos anos 1950 e 1960, morreu nesta segunda-feira (13), aos 97 anos - informou sua fundação.

A Doris Day Animal Foundation afirmou que Doris estava bem de saúde até que pegou uma pneumonia recentemente. Ela faleceu em sua residência em Carmel Valley, na Califórnia, cercada por amigos e parentes.

Além de atriz, Doris era ferrenha defensora dos direitos dos animais.

"Os desejos de Doris eram de que ela não tivesse um funeral, ou um velório, e que não houvesse uma lápide em seu túmulo", disse a fundação.

"Para as pessoas da minha geração, Doris Day era sinônimo de ícone de Hollywood", postou no Twitter o ator George Takei, que encarnou o Sr. Sulu na série original de "Star Trek".

"Ela sem dúvida nos lembraria, neste dia de sua morte, 'Que sera, sera', mas sentiremos muita falta dela de qualquer maneira", acrescentou o ator.

"Seus 39 filmes - muitos ainda incrivelmente populares e exibidos com frequência hoje em dia - são uma prova de seu talento", declarou sua fundação.

Começou a cantar profissionalmente aos 15 anos, quando teve seu primeiro sucesso com "A secret love", e ganhou o mundo com "Que sera, sera", entre outros vários sucessos.

Durante grande parte de sua carreira, ela reinou como a principal atriz nas bilheterias de Hollywood e era adorada pelo público que pagava para vê-la em musicais, comédias, filmes de suspense e faroestes.

A estrela de sorriso largo e cativante e olhos incrivelmente azuis, cuja carreira abrangeu quase 40 filmes de 1948 a 1968, destacou-se em um gênero de filme em particular, o "bedroom farce", uma comédia romântica leve e sofisticada, mas com toques maliciosos, bem representada por "Confidências à Meia-Noite", que ela estrelou em 1959 ao lado de outro grande nome do gênero, Rock Hudson.

Com Hudson, viria a protagonizar outros filmes nos mesmos moldes: "Volta, meu amor" e "Não me mande flores".

Manteve uma longa amizade com Hudson, que viria a se tornar primeiro grande astro a morrer devido a uma doença relacionada à aids.

Ela também fez par romântico com atores como David Niven, Cary Grant e James Garner.

Protagonizou o musical "Ardida como Pimenta", um dos grandes sucessos de sua carreira, e também foi dirigida pelo mestre Alfred Hitchcock em "O homem que sabia demais", onde atuou ao lado de James Stewart.

Vida pessoal tumultuada

A personalidade faceira da atriz encobria uma vida pessoal tumultuada.

De origem alemã, a atriz nasceu em Cincinnati, Ohio, em 3 de abril de 1922 e foi batizada como Mary Ann Von Kappelhoff.

Seus pais se divorciaram quando ela tinha 13 anos, e ela foi criada por uma mãe muito agressiva.

Depois de um acidente de carro quase fatal, que acabou com suas esperanças de uma carreira como dançarina, ela decidiu se dedicar ao canto.

Quando tinha 20 anos, já tinha um filho e estava divorciada de um marido que abusava fisicamente dela - o primeiro de seus quatro casamentos fracassados.

Em 1948, ela fez seu primeiro filme, "Romance em alto-mar" - o primeiro de uma série de sucessos que mais tarde incluiu "Carícias de luxo", "Um pijama para dois" e "Ama-me ou esqueça-me".

Em seu aniversário de 29 anos, ela se casou com Martin Melcher, que se tornou seu empresário. Depois da morte do marido, em 1968, descobriu que ele tinha administrado desastrosamente seus negócios e que estava com milhões de dólares em dívidas.

Mais tarde, ela ganhou um processo de US$ 22 milhões contra um homem contratado por Melcher para investir seu dinheiro.

Day casou mais recentemente com o restaurateur Barry Comden e viveu com ele de 1976 a 1981.

Ela teve seu único filho com o músico Al Jorden, o renomado produtor musical Terry Melcher, famoso por criar o ritmo do rock californiano. Ele veio a morrer de câncer em 2004.

Após o suicídio de Jorden em 1967, Day se casou com seu produtor e agente Marty Melcher, de quem Terry adotaria o sobrenome.

Quero ser feliz

Toda a agitação na vida de Doris Day, no entanto, foi mantida em segundo plano.

A atriz sempre fez questão de manter uma imagem limpa, principalmente em sua escolha de papéis no cinema.

Ela ficou famosa por recusar o papel da sra. Robinson no filme "A Primeira Noite de Um homem" por achar muito atrevido.

Ela reforçou sua imagem de boa moça com um programa de variedades na televisão, "The Doris Day Show".

"Eu quero ser feliz. Quero me divertir no set. Quero usar roupas bonitas e ficar bonita", declarou a atriz.

Day nunca ganhou um Oscar, embora suas muitas honras incluam a Medalha Presidencial da Liberdade em 2004 e um Grammy pelo conjunto de sua obra.

Depois de se aposentar, ela se tornou uma ativista incansável dos direitos dos animais, administrando um hotel que aceita animais de estimação na Califórnia.

Também tentou manter distância dos holofotes e da imprensa. Mesmo com a pouca exposição, continuava sendo adorada pelos fãs.

"Minha mensagem é apenas: seja gentil com seus animais e deixe que eles saibam que você os ama. Por favor, cuidem de seus entes queridos, e não se preocupem comigo", declarou ainda.

Doris fez 97 anos em 3 de abril passado, data que celebrou com cerca de 300 fãs que anualmente se reuniam na cidade em que morava.

A renomada especialista em cinema Molly Haskel já a chamou de "a mais subestimada e desvalorizada atriz de Hollywood".

Ela recebeu apenas uma indicação ao Oscar, justamente por "Confidências à Meia-Noite".

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