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Modelo plus size incendeia debate sobre perfil na moda

Aos 30 anos, Candice Huffine acredita que suas generosas medidas físicas contribuíram para um avanço no mundo da moda

Candice Huffine: mesmo ciente de não apresentar o perfil de modelo, conta que sempre sonhou com essa carreira.
 (Gustavo Caballero/Getty Images for Samsung)

Candice Huffine: mesmo ciente de não apresentar o perfil de modelo, conta que sempre sonhou com essa carreira. (Gustavo Caballero/Getty Images for Samsung)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2014 às 13h39.

São Paulo - Aos 30 anos, a americana Candice Huffine acredita que suas generosas medidas físicas contribuíram para um avanço no mundo da moda.

Ela foi um dos destaques do lançamento do famoso Calendário Pirelli, peça publicitária da empresa italiana que, há 50 anos no mercado, vem se tornando item de colecionador.

E, na folhinha de 2015, precisamente no mês de abril, Candice aparece ostentando uma bela peruca e seios generosos à mostra, em pose de pin-up. Seu corpo vistoso destoa das demais 11 modelos, todas franzinas.

Candice hoje é famosa justamente por ser uma "plus size model", ou seja, aquela que veste manequins de tamanho maior que o tradicional 90-60-90.

"Figurar neste calendário tão respeitado é provocativo por mostrar que a mulher pode ser sexy e desejável sem precisar seguir os padrões da moda", disse ela, em Milão, onde a empresa italiana promoveu o lançamento do calendário.

"Espero que isso ajude a mudar a indústria fashion."

Perto de outras modelos, como a brasileira Isabeli Fontana e a russa Sasha Luss, também presentes na festa, Candice exibe uma certa fartura nos braços, pernas e quadril.

Mas, com 1,80m de altura e pesando por volta de 85 kg, ela definitivamente rompe o tabu de que corpo perfeito é aquele com medidas mais leves - no calendário, em pose de dominadora, com corpete negro de látex e seios à mostra, Candice exibe com orgulho um modelo tamanho 46.

Ela foi uma das primeiras escolhidas pelo fotógrafo Steven Meisel para figurar no calendário de 2015. Figura mítica no mundo fashion (realizou campanhas para as principais marcas, além de ter contribuído na descoberta e promoção de modelos como Linda Evangelista, Naomi Campbell e a brasileira Raquel Zimmerman), Meisel é um homem tímido e não participa de eventos públicos. Assim, não esteve presente na festa em Milão.

Mesmo assim, sabia que iria agitar o mundo da moda, como fez com a capa da Vogue Itália de julho de 2011, que marcou o lançamento estrondoso das curvas de Candice Huffine aos estilistas profissionais.

"Steven confiou em meu talento desde o início, mas, mesmo assim, quando recebi o telefonema confirmando minha presença no calendário, eu apenas pude balbuciar um ‘obrigado’", relembra. "Sou uma mulher forte e confiante, o que se pode ver na foto do calendário."

Ela é tão segura de si que, na quarta-feira, 19, participou da abertura da exposição Form and Desire (Forma e Desejo), que reúne, no Palácio Real, as principais e mais icônicas imagens da história do calendário, como o início de então desconhecidas como Isabeli Fontana e Naomi Campbell.

Candice foi a escolhida para degustar pratos especialmente preparados ao vivo por três chefes - e a modelo não se fez de rogada, provando com gosto.

Candice não foi a primeira modelo plus size a figurar no mimo da Pirelli, que exibiu uma redondinha Sophie Dahl no mês de fevereiro de 1999 e a não menos redondinha Pollyanna McIntosh, honrando o mês de dezembro de 2004.

Mas nenhuma delas provocou tanto estrondo como Candice Huffine.

Nascida em Annapolis, Maryland, ela se consagrou como modelo ao aparecer em uma reportagem de 2010 da V Magazine cujo título, Curves Ahead, já salientava suas medidas.

E, depois de clicada por Meisel para a Vogue Itália de 2011, ela foi alvo novamente da lente do fotógrafo, em uma reportagem publicada em setembro daquele mesmo ano.

Mesmo depois de famosa, Candice conta não ter alterado drasticamente sua rotina para se adaptar às exigências da moda. "Tento fazer ginástica, manter uma vida ativa, mas isso não quer dizer que vou dar adeus às batatas fritas", diverte-se ela, que começou aos 15 anos - "e um corpo bem mais magro".

Mesmo ciente de não apresentar o perfil de modelo, conta que sempre sonhou com essa carreira.

E hoje, quando se consolida na profissão, Candice afirma com orgulho que sempre é cumprimentada por diversas mulheres gordinhas cada vez que aparece na capa de alguma revista. "Gosto de ser uma inspiração para elas, principalmente ao alimentar sua autoestima."

Em sua cruzada pela quebra de tabu, Candice conta com o apoio das colegas. "Ela é linda", atesta Isabeli Fontana, que soma agora sete participações no calendário da Pirelli.

"Se eu fosse gordinha, não teria essa beleza - meu rosto ficaria quadrado." "É incrível como ela convence que é feliz por ser bonita assim", observa a russa Sasha Luss. "Sua presença mostra como os conceitos podem ser quebrados", acredita a americana Gigi Hadid.

Críticos, no entanto, não comungam de tamanho otimismo. "Ela não seria convidada para desfilar, a não ser como participação especial", acredita Lilian Pacce, crítica de moda que colabora com o Caderno 2.

"As criações dos estilistas pedem modelos com as medidas tradicionais, necessárias para exibir seus novos trabalhos, que seguem sempre o mesmo padrão no tamanho. E ela não tem essas medidas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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