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MMA explode no mercado brasileiro

Em menos de dois anos, o Brasil saltou de quinto para terceiro lugar entre os maiores mercados do esporte, atrás apenas dos EUA e Canadá

Campeão mundial Anderson Silva (no alto) enfrenta o japonês Yushin Okami no UFC Rio, em agosto de 2011 (Ricardo Moraes/Reuters)

Campeão mundial Anderson Silva (no alto) enfrenta o japonês Yushin Okami no UFC Rio, em agosto de 2011 (Ricardo Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2012 às 12h33.

São Paulo - Para os não iniciados, o MMA é o fim da civilização, dois bárbaros se matando sob o pretexto de praticarem um esporte.

Mas, para os fãs, e cada vez mais para os empresários do esporte, o MMA (sigla em inglês para "Artes Marciais Mistas") é um empreendimento com rápida expansão global, especialmente no Brasil, a sexta maior economia do mundo e terra de três dos sete campeões mundiais da modalidade.

"O Brasil é disparadamente o mercado mais vibrante em todos os aspectos: ingressos, audiência de TV, merchandising, negócios digitais e até por celular, e é um dos nossos mercados de mídia social que mais crescem no mundo", disse Marshall Zelaznik, diretor-gerente de desenvolvimento internacional do Ultimate Fighting Championship (UFC), a mais conhecida entidade organizadora da prática.

Em menos de dois anos, o Brasil saltou de quinto para terceiro lugar entre os maiores mercados do MMA, atrás apenas dos EUA e Canadá, segundo Zelaznik.

"O Brasil tem mais fãs do UFC do que qualquer outro país do mundo", acrescentou ele. "Temos mais de 20 milhões de pessoas assistindo a um evento televisionado à meia-noite. As empresas estão interessadas e percebem que há uma grande demanda do consumidor. Posso lhe dizer que não há uma só reunião aqui no UFC no qual o Brasil não seja discutido." O sucesso da modalidade --que mistura técnicas do jiu-jitsu ao boxe tailandês, passando pela luta greco-romana e outras modalidades, até a capoeira-- não chega a surpreender, já que ela tem raízes profundas no Brasil. Alguns dos primeiros e mais vitoriosos expoentes do MMA eram lutadores do jiu-jitsu brasileiro, uma arte marcial de autodefesa baseada em chaves e estrangulamentos.

A família Gracie, do Rio de Janeiro, ajudou a popularizar a prática e esteve entre os competidores pioneiros nos duelos híbridos entre os praticantes de diferentes disciplinas.

O que antes era conhecido como "vale-tudo" disparou em popularidade nos últimos anos graças ao UFC. Como acontece no boxe, várias organizações disputam o controle, mas o UFC é a maior franquia. Essa entidade "limpou" e regulamentou uma prática que era, e continua sendo, violenta, e também ajudou a fazê-la render dinheiro.

O MMA já é considerado no país um sério rival do vôlei e do automobilismo como segundo esporte mais popular.

"Ele é grande já faz um tempo, mas o crescimento tem sido mais rápido ultimamente por causa do número de brasileiros bem sucedidos", disse Fabricio Hendrix, que dirige o site especializado http://www.mmamagazine.com.br.

"Ele também está mais legítimo. As lutas costumavam ser realizadas em ginásios, e na maioria das vezes acabavam em um banho de sangue. Não era adequadamente organizado, não havia patrocínio, não havia luvas, nada. Mas tudo isso mudou."


Fama e popularidade

O MMA já é inquestionavelmente parte do cenário esportivo brasileiro, além de ser um grande negócio. Anderson Silva foi eleito em 2011 o "esportista do ano" pela revista GQ Brasil. Outro lutador, Minotauro, participou do quadro de TV "Dança dos Famosos".

Sua popularidade, especialmente em áreas urbanas e entre jovens adultos, atrai grandes audiências, e não só na TV fechada, mas também em emissoras abertas. O número de assinantes do canal Combate saltou de 13 mil em 2006 para 150 mil, segundo Fernando Ferreira, presidente da consultoria esportiva Pluri.

Isso atrai grandes patrocinadores, como Procter and Gamble, Unilever, Ford e Volkswagen. A Gilette, que patrocina o lutador Vitor Belfort e o reality show The Ultimate Fighter, disse que o reconhecimento da marca triplicou desde o início dessa campanha, em março. O anúncio mais recente da empresa, com sete lutadores do UFC divulgando uma lâmina de barbear, foi visto mais de 16 milhões de vezes no YouTube em apenas duas semanas.

O responsável pelos licenciamentos do UFC no Brasil disse que, quando as vendas começaram, em abril de 2011, ele estimava um faturamento de 80 milhões de dólares no primeiro ano. Na verdade, o total acabou chegando a quase 180 milhões de dólares, e esse número pode crescer mais 30 por cento neste ano e duplicar em 2013, especialmente se mais lutas forem realizadas no Brasil.

"Começamos do zero no ano passado, e hoje temos quase 500 produtos", disse Marcos Macedo, diretor da Exim Licensing. "O tipo de crescimento é fenomenal, para qualquer indústria. O lado empresarial é mais importante que o esporte em si, porque muita gente que não luta está comprando produtos."

Rivalidade

O crescimento parece destinado a continuar, com uma enorme expectativa para o confronto do fim de semana em Las Vegas entre Anderson Silva e o norte-americana Chael Sonnen.

Trata-se de um duelo muito aguardado, que Sonnen chamou de "a maior luta na história do combate'.

Anderson ganhou o primeiro encontro entre os dois, em 2010, e a animosidade entre eles lembra o mal disfarçado ódio que caracterizava a rivalidade entre Muhammad Ali e Joe Frazier há 40 anos.

Um número recorde de brasileiros deve sintonizar na luta. E tudo indica que não vai desligar tão cedo.

"Uma das coisas que acreditamos é que veremos um aumento de 40 por cento a cada ano em termos de faturamento", disse Zelaznik, acrescentando que espera realizar de cinco a dez lutas no Brasil no ano que vem. "E estamos animados porque só entramos nisso há um ano e meio. O céu é o limite."

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