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Marcas de leite vegano estão prosperando: por que ficar de olho nelas?

Empresas sustentáveis como Nude, Oatly e A Tal da Castanha apostam em alimentos que fazem bem à saúde e ao planeta — e estão sendo reconhecidas por isso

Nude: a base da marca de leite vegetal é a aveia orgânica. (Flavio Melgarejo/Divulgação)

Nude: a base da marca de leite vegetal é a aveia orgânica. (Flavio Melgarejo/Divulgação)

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Daniel Salles

Publicado em 21 de maio de 2021 às 12h35.

Última atualização em 21 de maio de 2021 às 14h06.

A base dos leites da marca Nude, criada pelo casal formado pela consultora de moda Giovanna Meneghel e o administrador de empresas Alexander Appel, é a aveia orgânica. A versão mais simples leva uma pitada de sal e água. A mais sofisticada, indicada para o preparo de cafés, é incrementada com óleo de canola e vitaminas, entre outros ingredientes. Também há um leite com cálcio, um com baunilha e outro com cacau. Todos estão livres de glúten, aditivos ou açúcar, e os preços para o consumidor final oscilam entre 15,90 e 19 reais a embalagem de 1 litro.

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O ingrediente do qual Meneghel e Appel mais se orgulham, no entanto, é a sustentabilidade. Um dos pilares da Nude, lançada em dezembro, é a baixa pegada de carbono. A quantidade do poluente gerada por cada produto é informada no rótulo. O cálculo leva em conta desde as emissões relacionadas ao plantio de aveia até as dos caminhões que buscam os produtos na fábrica. “Nosso primeiro objetivo foi criar um leite que fizesse bem ao meio ambiente”, diz Meneghel, que exerce o cargo de CEO.

Pelas contas da marca, caso sejam vendidos 10 milhões de litros em cinco anos, ela terá emitido cerca de 3.500 toneladas de CO2. Se optasse por produzir o leite tradicional, emitiria 10.956 toneladas, de acordo com um estudo assinado pelos pesquisadores Joseph Poore e Thomas Nemecek. Ou seja, 7.456 toneladas a mais de CO2, o equivalente a 1.300 voltas de carro ao redor do planeta.

O casal teve a ideia da Nude em Berlim, onde morou até 2019. Naquela que é tida como a meca dos veganos, a consultora de moda se rendeu a uma alimentação mais saudável e testemunhou o tremendo sucesso dos leites à base de aveia por ali. Não causa surpresa que logo tenha decidido fazer os dela — sua família produz aveia no Paraná há mais de 30 anos.

A Nude captou 2 milhões de reais com investidores e já está presente em cerca de 400 pontos de venda, além de ser usada por quase 100 cafeterias — o faturamento não é divulgado. Para maio está previsto o lançamento do segundo produto, um creme de leite vegano, também à base de aveia — num futuro incerto virão sorvetes, iogurtes e um cream cheese,­ com o mesmo DNA. “A marca é rentável e a aceitação está sendo ótima”, comemora Appel.

O casal tem como referência o sucesso da companhia sueca Oatly, que aposta nos mesmos produtos, à base de aveia e com nada de origem animal. Fundada em 1994, a marca tem entre os investidores a apresentadora Oprah Winfrey e promete IPO para este ano — com avaliação estimada em 10 bilhões de dólares.

“Nem todo mundo está virando vegano ou vegetariano, mas há muito mais gente tentando manter o equilíbrio, reduzindo o consumo de carne”, acredita Felipe Carvalho. “Só isso já faz a diferença para o planeta, pois desestimula a pecuária, que favorece o efeito estufa.” 

Felipe Carvalho é um dos fundadores da Positive Brands,­ dona da marca de leites veganos A Tal da Castanha — o outro é seu irmão, Rodrigo Carvalho. Nascida em 2014, no início era um braço da Amêndoas do Brasil, uma das maiores exportadoras de castanha-de-caju do país, fundada pelo pai da dupla e com sede no Ceará. Hoje a Positive Brands é a líder nacional no segmento de leites sem nada de origem animal — custa 19,90 reais a embalagem de 1 litro, e o ingrediente-base você já adivinhou qual é.

Em fevereiro de 2020, ela se aliou ao grupo 3Corações, que abocanhou metade do negócio. Em seguida, lançou a terceira marca, a Nutco, de snacks saudáveis — a outra é a Jungle, de isotônicos naturais, criada em 2019 — e se espalhou Brasil afora. Em 2020, saltou de cerca de 4.000 pontos de venda para quase 20.000 e o faturamento, não divulgado, dobrou. “É a maior preocupação com alimentação saudável que explica o crescimento”, diz Felipe Carvalho. “É uma tendência que veio para ficar.” Para 2021, a meta é chegar a 35.000 pontos de venda e dobrar o faturamento novamente.  

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(Arte/Exame)

 

 

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