João Oliveira: eletrificação é prioridade (Divulgação/Divulgação)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 30 de outubro de 2023 às 14h12.
Última atualização em 30 de outubro de 2023 às 14h16.
Por que a decisão de adotar uma nova identidade corporativa e passar a se apresentar como JLR?
Viramos uma house of brands. E, com isso, passamos a focar cada uma de nossas marcas individualmente: Range Rover, Defender, Discovery e Jaguar. Para que isso fosse possível, criamos uma nova estrutura de organização corporativa. E daí nasceu a JLR. O conceito é muito parecido com o que a LVMH adota, por exemplo. É uma maison de luxo composta de diversas marcas. Optamos por esse caminho para marcar, em definitivo, nossa transformação. Nós deixamos de ser uma fábrica de automóveis que faz carros de luxo. E passamos a ser uma empresa de luxo que fabrica automóveis. Não se trata de uma inversão meramente semântica. Mostra para onde estamos indo.
O que as quatro marcas do grupo têm em comum? E o que as diferencia?
Elas têm em comum toda a tradição inglesa no mundo dos automóveis. São todas marcas que promovem vivências excepcionais. Mas, individualmente, elas abrem caminho para formas diferentes de viver experiências excepcionais. Range Rover remete a frases como ‘eu me sinto excepcional’, enquanto a Defender seria mais associada a ‘eu faço o excepcional’. Provavelmente o cliente de uma Range Rover não vai ser alguém que fará trilhas com o carro. Já o cliente da Defender, sim. Todos querem viver momentos excepcionais, mas cada um à sua maneira.
O que é, na visão da JLR, o luxo moderno?
É um luxo com mais significado. Um luxo que faz a gente apreciar as coisas boas, mas alinhado com uma cidadania global. Nos preocupamos com o impacto de nossos produtos na sociedade e como podemos contribuir com as pessoas e o planeta. Tudo isso fundamenta o luxo moderno. Que também é mais reducionista. Ele não precisa ser excessivo. Tudo deve ser simples, direto e concreto para que os consumidores possam curtir de verdade nossos carros e a experiência que oferecemos.
Como o grupo está incorporando a eletrificação?
Devemos apresentar nos próximos meses a Range Rover elétrica e temos um planejamento de médio e longo prazo para lançar veículos do tipo constantemente. Todo ano virão produtos eletrificados novos. O grupo vai construir uma fábrica de baterias na Inglaterra da qual a JLR será o principal cliente [outras montadoras também poderão adquiri-las]. No Brasil também estamos determinados a potencializar a jornada da eletrificação com os híbridos plug-in. E em novembro lançaremos a Defender PHEV. Temos fábrica no Brasil, onde produzimos Discovery Sport e Evoque, e temos um estudo para que ela possa começar a fornecer modelos elétricos, inclusive para outros mercados, como os Estados Unidos.
Por que os brasileiros veneram tanto os SUVs, nos quais a JLR tanto aposta?
Porque são veículos superversáteis e confortáveis. Lembro de quando troquei um sedan por um SUV e me dei conta de como ficou mais fácil entrar e sair do carro. Passei a enxergar tudo de um ponto de vista mais alto e a manobrar com mais facilidade. Os brasileiros curtem esse tipo de coisa. É um tipo de carro adequado para as condições de rodagem do país. O SUV pode ser usado nas cidades o tempo inteiro e também em estradinhas de terra nos fins de semana. Foi ficando cada vez mais popular por isso tudo, e não só no Brasil mas no mundo todo.
Quais são seus maiores desafios como presidente da JLR?
Em primeiro lugar, implementar o conceito de house of brands. Que traz muitas oportunidades porque nos permite valorizar cada vez mais a experiência individual de cada cliente dentro de cada uma das marcas. A Land Rover é muito reconhecida no Brasil, mais do que em outras partes do mundo, e não podemos dar a entender que ela acabou. A aposta no luxo moderno é outro desafio. As pessoas estão cansadas do mais do mesmo. Queremos aplicar conceitos de luxo no dia a dia dos consumidores.