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Maitê Proença estrela peça "A Mulher de Bath"

Peça é narrada por Alice que, na Inglaterra da Idade Média, trata dos prazeres do sexo como algo que não deveria ser privilégio dos homens

Maitê Proença: peça estreou nesta quinta-feira, 25, no Sesc Bom Retiro, em São Paulo (Daniel Chiacos/Divulgação)

Maitê Proença: peça estreou nesta quinta-feira, 25, no Sesc Bom Retiro, em São Paulo (Daniel Chiacos/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 16h49.

Viúva de cinco maridos, mulher de vasta experiência está em busca do sexto. Enquanto isso, compartilha sua história, especialmente detalhes de suas paixões. "Quando começo a falar, muitas pessoas têm a impressão de que o texto é atual, mas, na verdade, foi escrito no século 14", diverte-se Maitê Proença, que estrela a peça A Mulher de Bath, que estreia nesta quinta-feira, 25, no Sesc Bom Retiro.

De fato, a viúva é um dos personagens da obra Contos da Cantuária, do escritor Geoffrey Chaucer (1343-1400), um dos autores basilares da literatura em língua inglesa - seus escritos ajudaram a sedimentar não apenas o idioma, como também a ficção e a poesia da Inglaterra. "Chaucer teve a ousadia de tratar de temas delicados e por meio de uma mulher, o que torna seu texto ainda mais indispensável", observa Maitê que, com o espetáculo, comemora 40 anos de carreira - e, no domingo, 28, a sessão será especial, pois a atriz vai festejar 60 anos de vida.

A Mulher de Bath é narrado por Alice que, na Inglaterra da Idade Média, revela sua esperteza ao, sem contestar abertamente os preceitos morais da época, tratar dos prazeres do sexo como algo que não deveria ser privilégio dos homens. "E, o que é melhor, ela utiliza as determinações cristãs para defender sua opinião. Com isso, Alice consegue o que deseja sem pecar", observa Maitê, que recebeu a indicação do texto por um amigo, José Mario Pereira, editor da Topbooks. Fascinada, Maitê percebeu que a versão para o palco só poderia ser dirigida por um profissional especializado na palavra. Foi o que naturalmente a conduziu a Amir Haddad que, curiosamente, dirigiu um espetáculo semelhante no ano passado: o monólogo Antígona, protagonizado por Andrea Beltrão.

Depois de ler o texto, Haddad compartilhou o fascínio com Maitê. "Assim como o grego Sófocles (autor de "Antígona"), Chaucer é preciso na sua argumentação ao defender a necessidade da soberania feminina, algo surpreendente na época e ainda hoje em dia", conta o encenador que, graças à sua bela experiência de teatro de rua, desenhou uma direção que privilegiasse o contato da atriz com o público.

"A primeira medida que tomamos, Maitê e eu, foi dissecar o conto de Chaucer. Aliás, não considero meus últimos espetáculo como montagens, mas 'desmontagens' - vamos até o âmago do texto para entendê-lo e, assim, descobrir o melhor caminho para transmiti-lo às pessoas", ensina Haddad.

Dessa forma, Maitê inicia a peça descendo do palco e se aproximando da plateia. Ali, faz uma introdução do texto, revelando quem é aquela mulher e, com um palco com escassos recursos cenográficos às suas costas, convida os espectadores a utilizar a imaginação e retornar até o século 14, onde Alice vai contar suas desventuras. "Em seguida, ela revela detalhes picantes de seus cinco relacionamentos, o que agrada a muita gente", diverte-se a atriz, acompanhada do ator e músico Alessandro Persan em cena.

O espetáculo termina com uma fábula que remete ao rei Artur e que consolida os conceitos que, hoje, são considerados feministas. "Um homem é condenado à morte pelo rei depois de estuprar uma mulher. A rainha, no entanto, lhe concede um ano de prazo para descobrir o que as mulheres mais desejam. Se conseguir, terá a vida poupada. A fábula coloca a presença feminina no centro da ação, novamente controlando a situação", afirma Maitê.

A MULHER DE BATH

Sesc Bom Retiro. Alameda

Nothmann, 185. Tel.: 3332-3600. 6ª e sáb., 21h. Dom., 18h.

R$ 40. Até 4/3

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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