Michael Phelps, nadador e campeão olímpico: O Cubo d'Água de Pequim fez o 'tubarão de Baltimore' levantar voo (Wilimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2012 às 21h11.
Redação Central - Os Jogos de Londres têm tudo para marcar a transformação de um atleta em um rei do esporte: dono do maior número de ouros olímpicos conquistados, o nadador americano Michael Phelps poderá, em 2012 se tornar o maior medalhista da história em números absolutos.
O Cubo d'Água de Pequim fez o 'tubarão de Baltimore' levantar voo. Há quatro anos, Phelps se tornou um mito olímpico, e dia após dia fez história nos Jogos disputados na China.
O americano passou a ostentar o recorde do maior número de medalhas de ouro obtidas em todos os tempos em uma só edição, superando outro mito, seu compatriota Mark Spitz, que em Munique 1972 subiu sete vezes ao lugar mais alto do pódio. Com nove triunfos, Phelps é o atleta com mais vitórias em provas individuais e que mais ouros pendurou no pescoço ao longo da história: 14.
No total, ele conquistou de Atenas-2004 a Pequim-2008 16 medalhas, e está a apenas duas da até agora rainha soberana de todos os Jogos, a ginasta soviética Larisa Latynina, que garantiu 18 somando Melbourne-1956, Roma-1960 e Tóquio-1964.
Eram outros tempos, e a ginástica era um esporte de mulheres, não de 'meninas' como aconteceu depois. Nascida em 27 de dezembro de 1934, no porto ucraniano de Gerson, no Mar Negro, Latynina ficou órfã após a invasão nazista. Ao terminar a Segunda Guerra Mundial, tinha 11 anos e se dedicava ao balé, tanto que poderia ter se tornado uma estrela do prestigioso teatro russo Bolshoi, mas sua paixão era a ginástica.
Aos 16 anos já era mãe, aos 19 passou a integrar a seleção soviética. Começou a competir com seu sobrenome de solteira, Dirii, e talvez com a força mental dada pela maternidade, se transformou em uma estrela em Melbourne, onde obteve quatro ouros, uma prata e um bronze.
Em Roma, em 1960, já tinha completado 25 anos e tinha três filhos. Apesar disso, ampliou, com inegável categoria, o número de presenças no pódio olímpico com três ouros, duas pratas e um bronze. Quatro anos depois, foi derrotada pela tcheca Vera Caslavska, mas mesmo assim ficou com outros dois ouros, duas pratas e dois bronzes.
Como outros muitos grandes astros, Latynina também passou por momentos difíceis. O pior deles foi em 1976, nos Jogos de Montreal, nos quais era a técnica da equipe soviética. Suas pupilas foram massacradas por um novo fenômeno da ginástica, a romena Nadia Comaneci, e o título por equipes não foi suficiente para evitar a demissão.
Phelps, como todos, também tem seus momentos de 'homem comum' e de superação. Nascido em 30 de junho de 1985, em Baltimore, filho de um policial e uma diretora de escola, o nadador tinha problemas de hiperatividade quando mais novo.
Suas irmãs Whitney e Hilary, ambas nadadoras, foram decisivas para que o americano começasse a praticar a natação e seu distúrbio fosse atenuado.
Não demorou muito para que Phelps se destacasse. Em 2000, com apenas 15 anos, ele conquistou uma vaga para os Jogos de Sydney, mas voltou da Austrália sem medalhas. Mas quatro anos depois, teve início a construção de um mito, que no mês de agosto obteve oito medalhas em Atenas, seis de ouro e duas de bronze e em novembro teve que se explicar à justiça americana por dirigir embreagado em Salisbury, Maryland.
Pelo ocorrido, permaneceu em liberdade condicional até o julgamento e foi condenado a um ano e meio de serviços prestados a uma associação.
Após a tempestade extraesportiva, veio outra dentro das piscinas, mas novamente em forma de medalhas. Oito medalhas de ouro nas oito provas em que competiu.
Por outro lado, voltou a se envolver em polêmica no começo de 2009, quando foi flagrado usando um aparelho para fumar maconha em uma festa universitária, embora dessa vez não tenha sido processado. O próprio nadador reconheceu recentemente que esse fato, junto com a suspensão de três meses imposta a ele pela Federação Americana de Natação (USA Swimming), o fez cair em depressão e cogitar abandonar o esporte.
Contudo, a ideia da aposentadoria não foi adiante, e, também como ele mesmo disse, os Jogos de Londres serão a coroação de sua carreira, durante a qual bateu 39 recordes mundiais. Mesmo admitindo que é quase impossível repetir o feito de Pequim, ele quer superar os números de Latynina.