Londres- Um dos mais conhecidos artistas da China, Liu Xiaodong, foi a pubs se inspirar para sua primeira exposição em Londres.

Liu, um chinês de 50 anos, de fala mansa e usando óculos, passou as últimas três décadas levando às suas obras a vida de pessoas comuns, pintadas a partir de fotografias, diários e filmes, da China à Europa e Oriente Médio.

Sua mostra "Half Street" exibe vidas de pessoas com as quais Liu fez amizade por seis semanas em dois pubs e um café egípcio, a apenas alguns passos da galeria Lisson, onde os grandes quadros em óleo sobre tela estão sendo apresentadas ao lado de pinturas em acrílico sobre fotos.

"É algo tão emocionante compartilhar com outras pessoas", disse Liu, figura de destaque entre os pintores neo-realistas chineses e professor da Academia Central de Belas Artes.

Liu gosta de passar tempo conhecendo as pessoas que pinta. O artista, morador de Pequim, escreve e desenha em um diário e tira fotos, para depois montar um estúdio temporário in loco, para pintar "em pleno ar" ou 'xiesheng' em chinês.

É uma técnica que ele já usou antes, ao viver e pintar entre a população do Tibete a Israel. Críticos comparam seu trabalho ao do britânico Lucian Freud.

"O contexto é importante", disse ele à Reuters em entrevista esta semana.

Em Londres, ele foi convidado para conhecer a casa de funcionários do pub The Perseverance, jantou e fumou com eles e levou seus cães para passear.

"Eu gostei muito de pintar aqui porque no começo nós não nos conhecíamos", afirmou Liu. "Depois de pintar, ficamos próximos, conhecemos um ao outro e nos sentimos muito bem." "Green Pub" mostra o Perseverance com sua equipe e o fiel cão Mati, pintados por quatro dias consecutivos durante as horas em que o pub estava aberto.

"Todos os nossos clientes estavam no pub enquanto isso acontecia, então, se criou uma vibração realmente boa", disse a administradora do pub, Margaret Finnegan, de 46 anos, natural de Nova Jersey, nos Estados Unidos.

São fotografias com pequenos toques de pintura de Liu e detalhezinhos como gotas de chuva, mas também figuras e, em um caso, um retrato do falecido pai de Margaret pintado em uma foto com o marido dela trabalhando na cozinha.

Segundo Liu, quando ela viu, quase chorou. "Eu estava chorando também", afirmou ele.