Lady Gaga: cantora optou por mensagens políticas sutis (Mark J. Rebilas/USA TODAY Sports/Reuters)
EFE
Publicado em 6 de fevereiro de 2017 às 07h32.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2017 às 07h52.
Houston (EUA) - Lady Gaga iluminou neste domingo o estádio do Super Bowl com uma atuação vibrante que não incluiu grandes gestos contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas sim mensagens patrióticas e sutis referências à integração de grupos como os homossexuais, os afro-americanos e os latinos.
Com saltos no vazio, jogos pirotécnicos e até 300 drones que desenharam estrelas atrás dela, a cantora americana preferiu o espetáculo à polêmica em sua atuação da grande final da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL), o Super Bowl.
A estrela do pop tinha prometido um show "interessante e emocionante" que teria como únicas mensagens políticas as mesmas que defendeu durante sua carreira: a necessidade de igualdade e a ideia de que "o espírito deste país é de amor, compaixão e amabilidade", segundo antecipou ao jornal "The New York Times".
Em um momento de divisão política nos EUA, Lady Gaga quis chamar à unidade patriótica ao começar seu show do alto do estádio NRG de Houston com uma mistura do hino God Bless America, a canção "This Land Is Your Land" e o juramento de fidelidade à bandeira.
Vestida com um body prateado de manga longa com ombreiras, brilhantes dispostos em linhas verticais e botas altas combinando, a cantora entoou as primeiras notas enquanto por trás dela o céu parecia se encher de estrelas.
Se tratava, na realidade, de 300 drones da companhia Intel que depois desenharam a bandeira americana, uma parte do espetáculo que teve que ser gravada antes do Super Bowl para cumprir com as regras governamentais sobre aviões não tripulados.
Lady Gaga se jogou em seguida no vazio e, sustentada por cordas, começou a cantar a partir de uma torre o hit "Pokerface", saltando e dando cambalhotas no ar antes de descer ao palco no meio de fogos de artifício.
A cantora optou por mensagens políticas sutis, como sua canção "Born This Way", um hino em defesa dos homossexuais, e sua breve entonação no começo do espetáculo de "This Land Is Your Land", uma ode antifascista escrita em 1940 pelo cantor Woody Guthrie.
Também abraçou uma jovem afro-americana do público enquanto cantava "Stay", o último verso de seu novo single "Million Reasons", que tocou enquanto o estádio se iluminava com pequenos faróis alaranjados.
Provocativa no começo da carreira, especialmente no figurino, Lady Gaga evitou desta vez as fantasias fastuosas, embora para entoar seu primeiro sucesso, "Just Dance", colocou um jaqueta dourada com pontas agudas nas ombreiras, talvez como sinal dos trajes com os quais ficou famosa em 2008.
Muitos admiradores esperaram, sem sucesso, que Beyoncé aparecesse no palco para cantar junto com ela "Telephone", o dueto que ambas popularizaram em 2009 e que finalmente Lady Gaga cantou sozinha.
Não houve, de fato, nenhum artista convidado no show deste ano, como ocorreu no passado, quando Beyoncé cedeu parte do protagonismo ao cantor Bruno Mars e ao grupo Coldplay.
Houve uma mudança de roupas quase no final, quando Lady Gaga quis prestar homenagem à estética do futebol americano com um top branco com ombreiras exageradas e uma calcinha prateada enquanto cantava "Bad Romance" com dançarinos que usavam capacetes típicos do esporte.
O ponto final chegou justamente depois, quando, ao grito de "Super Bowl 51!", Lady Gaga atirou seu microfone ao público e agarrou uma bola que lhe jogaram antes de saltar ao vazio desde uma plataforma.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, contemplou o espetáculo do próprio estádio, em Houston, enquanto Trump viu a partida durante uma festa em West Palm Beach (Flórida), onde passou o fim de semana em sua mansão de Mar-A-Lago.
Trump, que é amigo de Tom Brady, o quarterback do New England Patriots, não escondeu sua preferência por essa equipe frente ao Atlanta Falcons durante uma entrevista antes do jogo.
Entre os anúncios durante a partida se destacou um que foi cortado por ser "controvertido demais" para a televisão, o da companhia de materiais de construção 84 Lumber.
O anúncio contava a história de uma mãe e uma filha emigrantes que faziam um longo trajeto pelo México rumo aos EUA até encontrar na fronteira o muro que quer construir Trump, mas pouco depois achavam uma porta pela qual entravam no país enquanto aparecia a frase: "A vontade de ter sucesso sempre é bem-vinda aqui".
Durante a emissão ao vivo, o anúncio era cortado antes que aparecesse o controvertido muro e pedia aos espectadores para se dirigir a uma site que colapsou em seguida pelo grande número de visitas.