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Jovem moda brasileira de braços abertos para o mundo

Apesar de ser o quinto produtor têxtil do mundo e o quarto em confecções, o Brasil não exporta sua produção

Desfile da coleção do estilista Lino Villaventura: com 194 milhões de habitantes, o Brasil se transformou nos últimos anos na jovem bonita com a quel todos querem dançar (©Brazil Photo Press / Vanessa Carvalho)

Desfile da coleção do estilista Lino Villaventura: com 194 milhões de habitantes, o Brasil se transformou nos últimos anos na jovem bonita com a quel todos querem dançar (©Brazil Photo Press / Vanessa Carvalho)

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Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2012 às 14h09.

São Paulo - A jovem moda brasileira, que esta semana mostra suas armas na nova edição da Semana de Moda de São Paulo (SPFW), busca a melhor maneira de melhorar sua competitividade e se abrir para o mundo, transpondo obstáculos que hoje a forçam a voltar-se quase que exclusivamente para o mercado interno.

Apesar de ser o quinto produtor têxtil do mundo e o quarto em confecções, o Brasil não exporta sua produção, não deixa sua marca nas vitrinas mundiais e seu impacto nas grandes tendências continua sendo limitado.

"Nossos produtos manufaturados sofrem ainda o chamado 'custo Brasil', com altos impostos, problemas de infraestrutura de transportes e leis trabalhistas", disse em entrevista à AFP Oskar Metsavah, estilista da Osklen, uma das cerca de 20 marcas presentes na 34ª edição da Semana de Moda.

A Osklen, conhecida por seu 'casual chic' sofisticado e modelagem inovadora, é uma das poucas marcas brasileiras que conseguiu abrir espaço além das fronteiras, com lojas nos Estados Unidos, Argentina e Japão.

Segundo Paulo Borges, diretor do evento, cerca de 95% da produção de moda do Brasil é destinada ao mercado interno.

"Por que poucas marcas brasileiras conseguiram abrir lojas no estrangeiro? Do meu ponto de vista, é pela falta de originalidade e qualidade da grande maioria", disse Metsavah.

Para esta edição da SPFW aconteceram algumas mudanças. A semana de inverno foi adiantada para outubro/novembro e a de verão para março/abril, o que vai aumentar o intervalo entre o lançamento das coleções e a chegada das peças nas lojas, dando mais tempo para a confecção.

O novo calendário situa melhor o Brasil no circuito mundial da moda e tem como objetivo "profissionalizar" e expandir uma indústria que ainda "é muito jovem", segundo Paulo Borges.


"A moda brasileira não conseguiu se impor como produto e marca no mercado global por uma questão de custos e dificuldades de financiamento. Mas é também uma coisa de maturidade, porque é uma indústria jovem que está descobrindo há pouco tempo sua maneira de ser", acrescentou.

Com 194 milhões de habitantes, o Brasil se transformou nos últimos anos na jovem bonita com a quel todos querem dançar.

A dinâmica classe média brasileira reúne milhões de pessoas e abarca hoje mais de 50% da população total do país, sexta economia mundial.

Se multiplicam os centros comerciais para o mercado de luxo e marcas famosas internacionais se instalam no país, como a Louis Vuitton, que nesta sexta-feira abriu em São Paulo uma megastore de 1.200 m2, a primeira deste tipo na América Latina.

Mas diminuir o 'custo Brasil' é uma das maiores reivindicações do setor produtor, que se queixa de altos impostos, difícil acesso a créditos, alto custo de mão de obra, infraestrutura e logística deficiente.

"Os produtos utilizados na confecção são caros, a mão de obra é muito cara e os impostos que as empresas têm que pagar são muito altos", disse à AFP Fabienne Muzy, encarregada do planejamento do grupo Luminosidade, que faz a promoção e organização dos maiores eventos de moda brasileiros.

"Se você comparar um produto brasileiro com um internacional de marcas como Prada ou Chloé, resulta no mesmo preço. Mas o que as pessoas preferem? Um Prada, claro", acrescentou esta francesa radicada há anos no Brasil.

"Há criatividade, há qualidade. Mas o problema é o precio", disse Fabienne.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confeção (Abit), o setor faturou 63 bilhões de dólares em 2011.

"O Brasil é um grande produtor e um grande consumidor têxtil, mas ainda não é um grande ator nas transações mundiais de confecções", disse à AFP Fernando Pimentel, um dos diretores da Abit.

Por tudo isso, a indústria da moda brasileira pede que o governo de Dilma Rousseff o beneficie com medidas como diminuição de impostos, similares às dadas para impulsionar a indústria automobilística.

João Pimenta, estilista de moda masculina também presente na SPFW, disse que "a moda brasileira tem ainda muito medo de experimentar".

"O novo calendário de desfiles nos faz mais globalizados e da mais tempo para produzir as coleções, para vender. Acredito que é a coisa mais importante que está acontecendo na indústria da moda brasileira, que nos permitirá encontrar nosso lugar no mundo", acrescentou.

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