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José Padilha leva conflito palestino-israelense a Berlim

O cineasta apresenta o longa, sobre o sequestro de um avião nos anos 70, ao Festival de Berlim

7 Dias em Entebb (7 Dias em Entebb/YouTube/Reprodução)

7 Dias em Entebb (7 Dias em Entebb/YouTube/Reprodução)

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EFE

Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às 14h35.

Última atualização em 26 de março de 2018 às 11h46.

Berlim - O cineasta José Padilha levou para o Festival de Berlim nesta segunda-feira o conflito palestino-israelense com "7 Dias em Entebbe", um filme sobre o sequestro de um avião nos anos 70, que o levou a entrevistar em Israel muitos reféns e políticos da época.

Apresentado na seção oficial do festival fora de competição, o longa-metragem narra uma história real, o sequestro em 1976 de um Airbus da Air France pela Frente Popular para a Libertação da Palestina e pelas Células Revolucionárias alemãs de extrema-esquerda.

https://www.youtube.com/watch?v=raJNjSSqHxc

O roteiro é construído a partir de histórias paralelas que refletem a complicada realidade política de uma região que segue em tensão décadas depois.

"Era importante a exatidão, levando em conta que a narrativa oficial focava na história militar" do resgate, explicou em entrevista coletiva o diretor brasileiro, que retorna ao festival dez anos depois de ganhar o Urso de Ouro por "Tropa de Elite".

Junto a Padilha estavam os protagonistas do filme, o hispânico-alemão Daniel Brühl e a britânica Rosamund Pike. Em "7 Dias em Entebbe", ambos interpretam os terroristas alemães que participaram da ação e que caíram na contradição interna de lutar por ideais supostamente de esquerda e serem vistos como "nazistas" pelos reféns israelenses.

Padilha diz não temer a possibilidade de ser acusado de oferecer uma visão condescendente dos protagonistas por mostrar que têm "consciência", por explicar que os terroristas também são "seres humanos", embora estejam totalmente equivocados e cometam atos horríveis.

"Não é sempre necessário sentir empatia pelo personagem, mas sim entender as suas motivações", explicou Brühl, que descobre a sua incapacidade de matar ao longo dos sete dias que durou o sequestro, após o avião aterrissar no aeroporto ugandense de Entebbe com apoio do ditador Idi Amin.

Um relato concentrado na relação entre terroristas e reféns e também no debate político em Tel Aviv sobre a possibilidade de negociar.

O filme mostra o impasse vivido em Israel entre o primeiro-ministro à época, Yitzhak Rabin (Lior Ashkenazi), e o seu ministro de Defesa, Shimon Peres (Eddie Marsan), decidido a iniciar a qualquer preço uma operação militar de resgate.

Padilha explicou que no filme é possível ver "o quão difícil que era e é negociar para políticos israelenses ou palestinos, já que perdem apoio político" entre o povo, o qual prometeram "defender do inimigo".

"Há um clima de medo constante nas duas sociedades, a israelense e a palestina, pelo conflito. E este medo é difundido por políticos de direitos e políticos radicais que dizem 'vote por mim e te defenderei do inimigo'", afirmou o diretor, que incluiu entre eles o presidente americano, Donald Trump, disposto a "salvar os Estados Unidos de não se sabe quem".

Brühl e Pike elogiaram a "energia" de Padilha, que chegava sempre com novas ideias às gravações e não hesitava em abandonar o plano original.

Uma dessas ideias foi que os protagonistas trocassem palavras em alemão em um filme que também conta com diálogos em árabe e francês. Mas os membros do gabinete israelense falam em inglês, e não em hebraico.

"Eu tentei", disse Padilha, ao lamentar o conservadorismo que leva a pensar que "quanto menos inglês tem um filme, menos comercial ele é".

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