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Jogador da NBA doa salários para fundo que luta contra racismo

Jrue Holiday, jogador do New Orleans Pelicans, doará salários restantes da temporada para fundo a ser criado com sua mulher e que visa justiça social

Jrue Holiday: jogador do New Orleans Pelicans vai criar fundo, junto com sua esposa, para ajudar na luta contra racismo (Rocky Widner/NBAE/Getty Images)

Jrue Holiday: jogador do New Orleans Pelicans vai criar fundo, junto com sua esposa, para ajudar na luta contra racismo (Rocky Widner/NBAE/Getty Images)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 28 de julho de 2020 às 11h18.

Última atualização em 29 de julho de 2020 às 21h31.

Jrue Holiday, armador do time de basquete da NBA New Orleans Pelicans, decidiu mostrar que continua engajado na luta contra o racismo em meio ao movimento Black Lives Matter que toma conta dos EUA.

O jogador de 30 anos, cujo salário anual é de US$ 26,23 milhões, anunciou em sua conta no Twitter que irá doar os cheques que ainda devem lhe ser pagos nessa temporada, totalizando cerca de US$ 5,3 milhões, a um fundo a ser criado que deverá cuidar de questões envolvendo justiça social.

Em parceria com sua mulher, a ex-jogadora da seleção americana de futebol Lauren Holiday, o "Jrue and Lauren Holiday Social Justice Impact Fund" cuidará, especialmente, de projetos sociais nas comunidades de New Orleans, Indianapolis e Los Angeles. Jrue Holiday joga há sete temporadas com os Pelicans, mas nasceu na Califórnia. Já Lauren é nativa de Indianapolis, Indiana. Os dois irmãos de Jrue também jogam pelo Indiana Pacers. Mas o fundo também ajudará outras cidades ao redor dos Estados Unidos e também universidades e colégios historicamente negros.

À ESPN americana, o jogador disse que a ideia para a criação do fundo nasceu depois de ele refletir sobre como poderia contribuir mais para os movimentos que lutam contra o racismo e por mais justiça social. O casal estava frustrado que não estava comparecendo às passeatas de protesto, já que Lauren está grávida.

"Sabemos que duas coisas que importam são tempo e dinheiro, e nesse momento temos ambos. Com tudo o que está acontecendo no mundo, eu e minha mulher percebemos que não estávamos investimento em nossa comunidade como deveríamos. Mas nunca é tarde demais. Essa é a hora de fazermos nossa parte", disse. O fundo ajudará, inicialmente, pequenos negócios de empreendedores negros que foram afetados pela pandemia do novo coronavírus.

Apoio

Se outras ligas de grande poder nos Estados Unidos, como a NFL (futebol americano), têm sido um tanto reticentes com o movimento Black Lives Matter (os jogadores negros tiveram que cobrar um posicionamento de Roger Goodell, comissário da liga, sobre o movimento), a NBA, a liga de basquete nacional, não perdeu tempo em mostrar seu apoio. Afinal, 74,5% de seus jogadores são negros.

A liga criou um comercial oficial que admite que sim, o racismo existe e está em "todo lugar". O vídeo mostra jogadores em protestos e técnicos, brancos, falando que o racismo é um problema sério e que precisa ser combatido. Durante os jogos amistosos que ocorrem na "bolha" de Orlando, onde os times estão isolados e concentrados para a retormada e finalização da temporada, a quadra conta com uma grande aplicação onde se lê "Black Lives Matter" e todos os técnicos estão usando um broche na camisa que diz "Coaches for Racial Justice" ("Técnicos pela Justiça Racial"). Isso deve se manter quando a temporada reiniciar, em 30 de julho.

Para os jogos da temporada, a liga chegou a um acordo com os jogadores e eles poderão, caso queiram, usar frases de protesto na parte de trás de suas camisas. Nos primeiros quatro dias de jogos, a frase poderá substituir o nome do jogador. Depois, ela terá de estar abaixo do nome. Há uma lista com mensagens pré-aprovadas: Black Lives Matter (Vidas negras importam); Say Their Names (Diga seus nomes); Vote (voto); I Can’t Breathe (Eu não consigo respirar); Justice (Justiça); Peace (Paz); Equality (Igualdade); Freedom (Liberdade); Enough (Chega); Power to the People (Poder para as pessoas); Justice now (Justiça agora); Say Her Name (Diga o nome dela); Sí Se Puede (Sim, podemos); Liberation (Libertação); See Us (Nos veja); Hear Us (Nos escute); Respect Us (Nos respeite); Love Us (Nos ame) Listen (Ouça); Listen to Us (Nos ouça); Stand Up (Se posicione); Ally (Aliado); Anti-Racist (Anti-racista); I Am A Man (Eu sou homem); Speak Up (Fale); How Many More (Quantos mais); Group Economics (Economia de grupo); Education Reform (Reforma da educação) e Mentor (Mentor).

Com o apoio direto da liga, times e jogadores, sem medo de represálias por "se envolverem em política", não têm escondido seu engajamento no movimento. Atual campeão, o time Toronto Raptors customizou o ônibus do time com a cor preta e a frase "Black Lives Matter". Jogadores como Jaylen Brown, do Boston Celtics, Giannis Antetokuonmpo, do Milwaukee Bucks, Russell Westbrook, do Houston Rockets, e Stephen Curry, do Golden State Warriors, já foram em marchas gritar "Vidas Negras Importam". LeBron James, o melhor jogador da atualidade, atualmente no Los Angeles Lakers, disse em entrevista que, para uma pessoa negra como ele, "Black Lives Matter" não é um movimento, mas um estilo de vida.

Jrue Holiday, do New Orleans Pelicans, em treino da Flórida em 22 de julho: apoio total ao "Black Lives Matter" (Photo by Jesse D. Garrabrant/NBAE via Getty Images) (Jesse D. Garrabrant/NBAE via Getty Images)/Getty Images)

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