Ben Affleck em cena do filme "Argo": o filme ganhou no domingo o Globo de Ouro de melhor diretor e o de melhor filme de drama. (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2013 às 13h10.
Teerã - O Irã vai subsidiar um filme sobre a crise dos reféns americanos de 1979, em reação à visão "deformada" do fato apresentada por "Argo", longa-metragem de Ben Affleck premiado no domingo no Globo de Ouro, indicou a imprensa iraniana nesta terça-feira.
"O roteiro do filme "Setad moshtarak" (Os chefes do Estado-Maior, em farsi) foi aprovado pelas autoridades e aguardamos o orçamento para iniciar as filmagens", afirmou o diretor iraniano Ataollah Salmanian, citado nesta terça pela imprensa.
O filme "narra a libertação de 20 reféns americanos pelos revolucionários iranianos no início da Revolução" Islâmica de 1979, acrescentou Salmanian, que também é ator.
Este longa-metragem "pode ser uma resposta apropriada à visão deformada de alguns filmes, como "Argo"", relativo aos eventos da ocupação da embaixada americana em Teerã, no dia 4 de novembro de 1979, e ao sequestro de diplomatas americanos, explicou.
Esse sequestro, que durou 444 dias, provocou o rompimento das relações entre os Estados Unidos e o Irã.
Dirigido pelo ator Ben Affleck, "Argo" conta a rocambolesca, mas verídica história da retirada dos diplomatas americanos que conseguiram fugir e se refugiar na embaixada do Canadá.
O filme ganhou no domingo o Globo de Ouro de melhor diretor e o de melhor filme de drama.
O sucesso de Argo, proibido no Irã mas onde várias cópias piratas circulam, foi pouco comentado na imprensa iraniana.
O jornal 7Sobh (7h00 da Manhã, em farsi) classificou nesta terça a cerimônia do Globo de Ouro de "maior cerimônia política da história do cinema americano" e "Argo" de "tentativa ridícula" de recriar o Irã de 1980.
O diário denuncia também a série americana "Homeland", que tem sua segunda temporada centrada em um complô terrorista iraniano, acusando-a de ser uma "poderosa máquina de propaganda para a CIA".