Há exatos cem anos, Ingrid Bergman nascia em Estocolmo (Suécia), uma das atrizes de maior talento da história do cinema e com uma vida digna de filme. (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2015 às 08h41.
São Paulo - Há exatos cem anos, Ingrid Bergman nascia em Estocolmo (Suécia), uma das atrizes de maior talento da história do cinema e com uma vida digna de filme.
Após perder a mãe quando tinha três anos e o pai aos 12, Ingrid primeiro foi criada por uma tia, que também morreu precocemente, e depois por um tio, até que se casou aos 22 anos com o dentista Peter Lindstrom.
Uma época na qual já era uma atriz respeitada na Suécia por seus trabalhos no teatro e pela formação na prestigiada Royal Dramatic Theater School of Estocolmo, a mesma na qual, anos antes, tinha estudado Greta Garbo.
Ingrid estreou no cinema com 17 anos, em um pequeno papel em "Landskamp", mas o grande impulso de sua carreira veio com a primeira de suas sete parcerias com o diretor Gustaf Molander.
"Swedenhielms" (1935) e "Pa solsidan" (1936) foram os dois primeiros filmes que fizeram juntos, mas a atriz se consagrou na Suécia com "Intermezzo" (1936), o que lhe deu a oportunidade de chegar a Hollywood.
Ela chamou a atenção do superpoderoso produtor David O. Selznick, que a contratou para fazer um "remake" do filme sueco, se transformando num tremendo sucesso.
Na década seguinte, Ingrid não parou de trabalhar e protagonizou 13 longas-metragens. Alguns deles fazem parte dos clássicos mais importantes da história do cinema, o que tornou a jovem sueca em uma das maiores estrelas da época.
Um dos filmes mais lembrados, apesar da estreia ter ocorrido há mais de 70 anos, é "Casablanca". Depois, ela foi indicada pela primeira vez ao Oscar por "From Whom the Bell Tools" (1943), ganhando a primeira estatueta no ano seguinte, com "Gaslight" (1944).
Em 1945, Ingrid começou com o diretor Alfred Hitchcock outra parceira que renderia muitos frutos. "Spellbound" foi o início de uma sequência que seguiu com o brilhante "Notorius" (1946) e encerrada com "Under Capricorn" (1949). No meio do caminho, ela foi outra vez indicada ao Oscar por "Joan of Arc" (1948).
Hitchcock era "um adorável" gênio nas palavras da atriz, que lhe fez uma emotiva homenagem em 1979, quando apresentou o prêmio pela carreira do diretor concedido pela American Film Institute.
O terceiro diretor que marcaria não só a carreira de Ingrid, mas também sua vida, foi o italiano Roberto Rossellini. A atriz viu "Roma, città aperta" (1945) e, em 1948, enviou uma carta ao diretor que entrou para a história.
"Vi seus filmes 'Roma, città aperta' e 'Paisà', e fiquei encantada. Se precisar de uma atriz sueca que fala muito bem inglês, que não esqueceu o alemão, que não é muito compreensível em francês e que em italiano só saber dizer 'ti amo', estou na lista para fazer um filme com o senhor", escreveu Ingrid.
Seis filmes e três filhos foram o resultado de uma relação que representou um enorme escândalo para a época, já que ambos estavam casados quando se conheceram. A atriz abandonou seu marido e a filha - Pia - por Rossellini.
"Stromboli", "Europa 51" e "Viaggio in Itália" foram os três trabalhos mais destacados desta união antes que a atriz retornasse a Hollywood, primeiro com o filme "Anastasia" (1956), sua quinta indicação e segundo Oscar, e depois em pessoa, em 1959, para apresentar o prêmio de melhor filme.
"Passei de santa a puta e para santa de novo, tudo isso em uma única vida", brincou a atriz após ser muito aplaudida ao subir no palco para apresentar a prêmio.
Mas seu retorno a Hollywood não resultou em bons filmes. Nem mesmo pelo qual ganhou seu terceiro Oscar, "Murder on the Orient Express". Seu melhor longa-metragem já no fim da carreira do cinema foi com o cineasta sueco Ingmar Bergman, "Autumnn Sonata" (1978).
Depois disso, ela fechou sua brilhante trajetória como atriz com um grande trabalho televisivo, representando a primeira-ministra de Israel Golda Meir. Morreu no próprio dia de seu aniversário, aos 67 anos, após lutar por muito tempo contra um câncer de mama. EFE