Safári: o turismo ajuda os governos a justificar a proteção do habitat da vida selvagem, mas coronavírus põe setor em risco (Latitudes/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 6 de agosto de 2020 às 08h48.
O setor de turismo de vida selvagem da África, que geralmente gera US$ 29 bilhões por ano e emprega 3,6 milhões de pessoas, está ameaçado pelo coronavírus, que interrompeu as viagens de lazer, segundo um relatório publicado na Nature Ecology & Evolution.
Muitos serviços de proteção da vida selvagem vão sofrer as consequências da falta de dinheiro com safaris e caça, de acordo com pesquisas de cientistas de várias universidades, da África do Sul aos EUA. Os países mais atingidos serão os que ostentam os chamados Big Five - elefantes, leões, búfalos, leopardos e rinocerontes - como o Quênia, o Zimbábue e a África do Sul. Outros, como Uganda, onde os gorilas são um drawcard, também sofrerão, de acordo com o estudo.
“O turismo ajuda os governos a justificar a proteção do habitat da vida selvagem”, disseram os cientistas. “Ele cria receita para as autoridades estaduais de vida selvagem, gera ganhos em divisas, diversifica e fortalece as economias locais.”
Cerca de 50%, ou US$ 30 milhões, do orçamento anual do Kenya Wildlife Service vem do turismo, enquanto esse número é de 80% no Zimbábue e a mesma porcentagem, ou US$ 52 milhões, na África do Sul. Metade do orçamento de Uganda é do turismo para ver os gorilas das montanhas.
“A crise exige um esforço internacional conjunto para proteger e apoiar a vida selvagem e as terras selvagens da África, assim como as pessoas que dependem delas”, segundo o relatório.