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Inclusão: Gucci elege modelo com síndrome de Down para editorial

Para promover o rímel L’Obscur a grife italiana ainda abriu espaço para uma plus size negra, uma asiática e para um modelo negro

Ellie Goldstein: modelo em campanha para a Gucci (Gucci/Divulgação)

Ellie Goldstein: modelo em campanha para a Gucci (Gucci/Divulgação)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 9 de julho de 2020 às 08h30.

Ainda é cedo para medir os reais impactos no mundo da moda de movimentos como o Me Too e o Black Lives Matter. Mas a indústria que sempre privilegiou as modelos brancas, loiras e longilíneas parece já estar ciente de que descosturar-se da realidade pode ser temerário.

Conhecida pelos desfiles protagonizados por suas “angels”, invariavelmente com lingeries provocantes, muitas cravejadas de centenas de pedras preciosas, a Victoria’s Secret anunciou há pouco um pedido de proteção contra credores no Reino Unido, passo anterior à falência, e informou que vai fechar dezenas de lojas permanentemente. Uma possível explicação para o declínio: em um mundo marcado pelo ativismo feminino, marcas que promovem a estética sexualizada já não encontram consumidores como antes.

Publicado na edição deste mês da revista Vogue Itália, um editorial da Gucci pode ser uma prova de como as grandes grifes pretendem se posicionar daqui para a frente. Elaborado para promover um novo rímel, chamado de L’Obscur, foi protagonizado por uma modelo com síndrome de Down, a inglesa Ellie Goldstein, de 18 anos de idade, que já fez campanhas para Nike e Vodafone.

Modelos para nova campanha da Gucci: clicados por PD Hyde

Modelos para nova campanha da Gucci: clicados por PD Hyde (Gucci/Divulgação)

Ellie Goldstein: modelo em campanha para a Gucci

Ellie Goldstein: modelo em campanha para a Gucci (Gucci/Divulgação)

A Gucci ainda abriu espaço para uma plus size negra, uma asiática e um modelo negro, também fotografado usando a máscara de cílios, além de uma jovem branca com cada um dos olhos de uma cor. O fotógrafo escolhido foi o chinês David PD Hyde, radicado em Londres. “Eu projetei o rímel para uma pessoa autêntica que usa maquiagem para contar sua história de liberdade, e da sua maneira”, afirmou Alessandro Michele, diretor criativo da marca. “Escolhemos L´Obscur porque essa palavra equilibra charme e mistério”.

Acessórios como o rímel, defende agora a companhia, são objetos de desejo que devem ser aplicados livremente, de acordo a personalidade de cada um, e não para reproduzir tutoriais baseados em um único padrão de beleza. Esta última, passou a alardear a Gucci, reside na imperfeição, naquelas características únicas que delineiam cada indivíduo. Resta saber se as demais campanhas vão reforçar isso tudo e encorajar outras marcas a abraçar a diversidade.

Coincidência ou não, 26 outdoors de Milão, um dos principais centros do mundo da moda, ganharam em junho, por duas semanas, fotografias de pessoas anônimas. Todas estilosas, mas em poses retorcidas — os cartazes icônicos de grifes como Versace e Dolce & Gabbana saíram de cena momentaneamente. Os retratos foram clicados pelo fotógrafo Alessio Bolzoni e representam o estado de espírito dos milaneses depois da pior fase da pandemia, que, não poderia ser diferente, também contaminou a moda e o consumo em geral. A exposição ganhou o nome de “Action Reaction”.

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