Portfólio da Portus Cale: kosher, veganos e em lata, além dos tradicionais (Divulgação/Divulgação)
Daniel Salles
Publicado em 13 de outubro de 2020 às 12h10.
Não é fácil ser vegano. Não bastasse a escassez de produtos que se dizem apropriados para quem segue a dieta há os que se apresentam como tal, mas omitem detalhes que a maioria dos veganos não engole (eles não admitem, é bom lembrar, qualquer alimento de origem animal). Até os vinhos são culpados. Pouca gente sabe, mas alguns produtores da bebida usam a caseína, uma proteína do leite, e a albumina, proveniente do ovo, para facilitar a remoção de sedimentos durante a filtragem. Tudo é retirado antes do engarrafamento, mas para os mais ortodoxos não tem conversa – uma feijoada fica vegetariana se você tirar do feijão a carne-seca, o paio, a linguiça, a costela e o bacon? Também há vinicultores que utilizam rolhas prensadas feitas com cola derivada do leite e cera de abelha para selar as garrafas.
Inúmeras vinícolas, porém, podem ser consideradas veganas. São as que se valem, por exemplo, da gelatina de ervilha ou da bentonita durante o processo de clarificação. Só que ninguém fica sabendo, pois a descrição nos rótulos dos agentes usados no processo de refinamento não é obrigatória. Em atenção aos veganos, alguns produtores passaram a escrever “vegan” ou “vegan friendly” em suas garrafas. É o caso da vinícola inglesa Denbies Wine Estate e da italiana Vietti, da região do Piemonte. Pelo sim, pelo não, vale a pena consultar o site barnivore.com, que lista milhares de produtores que seguem os preceitos veganos, até mesmo aqueles que não informam isso nos rótulos. Do Brasil, duas vinícolas constam da plataforma, a Casa Perini e a Casa Valduga.
Fundada em 1985, a importadora Portus Cale, sediada em Gurulhos, na Grande São Paulo, vende rótulos de duas marcas que podem ser tachadas de veganas. Da Quinta da Bacalhôa, situada na Península de Setúbal, em Portugal, comercializa dezenas de rótulos, entre os quais o tinto Catarina 2015 (119 reais), feito com as uvas alicante bouschet e castelão. Da vinícola Kelman, também portuguesa, enraizada na região do Dão, vende, por exemplo, o Alfrocheiro 2016 (166 reais), elaborado com a uva de mesmo nome. Outro rótulo sabidamente vegano no portfólio da Portus Cale é o Bodegas Pinoso Monstrell Cepa 50 Viñas Viejas 2017 (101 reais), produzido pela vinícola espanhola La Bodega De Pinoso.
Outro nicho no qual a importadora aposta, de olho nos cerca de 120 mil judeus radicados no Brasil, é o dos vinhos kosher. “Nossa missão é a disseminação da cultura do vinho por meio de produtos plurais e com uma excelente curadoria”, afirma Karene Vilela, CEO da Portus Cale. “Oferecemos diversidade em produtos de qualidade para um país tão diverso”. Um dos rótulos trazidos que seguem os preceitos judaicos é o Tipsy Blend White 2018 (89 reais), da vinícola israelita Tabor (em resumo, para um vinho ser chamado de kosher ele precisa ser produzido sob a supervisão de um rabino).
Outro foco da companhia paulista são os vinhos em lata, com os quais pretende cair nas graças da clientela mais jovem e descolada. Lançada em janeiro, a Vivant é uma das marcas no portfólio com rótulos do gênero. Foi criada por Leonardo Atherino depois que este se viu, em uma festa, segurando uma garrafa de vinho com uma mão e a taça com a outra – e sem uma terceira para cumprimentar os amigos (sim, foi na época em cumprimentos e festas eram frequentes). Para resolver o problema, Atherino criou sua marca de vinhos em lata. Cada uma custa 16 reais e a produção das bebidas está a cargo da Vinícola Quinta Don Bonifácio, sediada em Caxias do Sul (RS).
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