O QG do Facebook em Menlo Park, na Califórnia (Bloomberg/Bloomberg)
Daniel Salles
Publicado em 5 de setembro de 2020 às 07h40.
Passageiros corporativos, que normalmente voltam a viajar após o feriado do Labor Day nos EUA, ainda estão acampados em casa, sem saber quando começarão a receber clientes novamente ou se a videoconferência acabará com a necessidade das viagens.
É uma perspectiva assustadora para o setor hoteleiro, que depende muito dos departamentos de viagens corporativas para preencher quartos com tarifas cheias. Ainda assim, alguns apostam em um grande futuro para as viagens de negócios.
A citizenM, uma rede de hotéis holandesa que tem o fundo soberano de Cingapura entre os investidores, avança os planos de abrir hotéis boutique com tecnologia de ponta nos Estados Unidos. A aposta é de que o trabalho remoto aumentará a necessidade das empresas de reunir funcionários dispersos.
“O mundo é um lugar diferente agora, mas os geradores de demanda que teríamos na pré-pandemia só ficaram maiores”, disse o diretor-gerente da citizenM, Ernest Lee. “Não acreditamos que haja um risco secular para o nosso setor”, afirmou em entrevista.
Empresas de tecnologia e finanças já descentralizavam as operações antes da pandemia, o que levou a citizenM a incluir projetos em Boston, Seattle e São Francisco, entre outras cidades onde equipes distantes provavelmente se reunirão. Em meados do ano, com a maioria dos viajantes parados, a empresa assinou um acordo para construir um hotel de 240 quartos adjacente ao campus do Facebook em Menlo Park, Califórnia.Bill Ackman, CEO da Pershing Square Capital Management, tem ecoado a visão de que trabalhadores remotos precisarão de quartos de hotel para visitas periódicas à sede, e as empresas que adotarem esse modelo podem redobrar as apostas nesses “retiros”.
“Quando uma empresa perde um negócio para a proposta de venda feita pessoalmente pelo concorrente, não demorará muito para o gerente de vendas exigir que todas as propostas futuras” sejam apresentadas pessoalmente, escreveu Ackman, explicando sua posição no Hilton Worldwide Holdings, em carta aos investidores de 28 de agosto.