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Homens podem ser donos de casa, sim. Por que não?

O movimento dos homens responsáveis por tarefas domésticas e pelos filhos pode ganhar tração nos próximos anos, diz pesquisa da WGSN com Aramis

Segundo pesquisa da Catho, 7% dos homens disseram já ter deixado o mercado de trabalho para cuidar dos filhos. (Ariel Skelley/Getty Images)

Segundo pesquisa da Catho, 7% dos homens disseram já ter deixado o mercado de trabalho para cuidar dos filhos. (Ariel Skelley/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2022 às 16h55.

Última atualização em 30 de agosto de 2022 às 16h56.

Muito se fala sobre o sistema patriarcal e suas consequências na vida de homens e mulheres. Porém, os papéis convencionais de parentalidade se invertem em algumas famílias. Ainda que tímido, o movimento dos homens responsáveis pela casa e pelos filhos pode ganhar tração nos próximos anos a partir das conquistas femininas no mercado de trabalho.

Não há uma data exata para o estabelecimento do sistema patriarcal, mas é durante a Idade Antiga que existem mais evidências sobre o início dessa construção. O patriarcado está centrado no poder e domínio dos homens através da figura do patriarca, chefe de família. Tal papel é exercido em todas as esferas e caracteriza os homens como intrinsicamente superiores às mulheres e aos demais sujeitos que não se encaixam nos padrões estabelecidos de raça, gênero e orientação sexual.

Todos os que fogem aos moldes dessa masculinidade são considerados agregados, coadjuvantes e submissos, e devem obediência ao patriarca, que é privilegiado, tem amplos direitos e rejeita tudo que possa interferir em seu poder.

Filósofos como Aristóteles reforçavam a ideia de superioridade masculina escrevendo sobre isso. Nesse período, o intelecto e as divagações filosóficas eram valorizados como sinal de inteligência dos homens.

Mas, ao longo das décadas, a imagem do homem inabalável, que não chora, não expõe fragilidades, é distante e sempre forte, ativo e corajoso, tem sido desconstruída, abrindo espaço para a expressão dos sentimentos e emoções.

Esse movimento acontece porque as novas estruturas familiares, em que o patriarcado tem menos espaço, têm se tornando cada vez mais públicas. Além disso, a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho e a evolução na igualdade entre gêneros traz para o homem novas possibilidades e responsabilidades conectadas ao cuidado.

"O homem mudou muito. Enxergo um homem mais sensível, se permitindo coisas que antes não se permitia", comenta Mariana Nassralla, diretora de estilo Aramis.

Segundo pesquisa da Catho, 7% dos homens disseram já ter deixado o mercado de trabalho para cuidar dos filhos. O número é 4 vezes menor do que o percentual de mulheres, que é 30%. E 56% dos homens aumentaram a participação nas atividades de casa durante a pandemia e 47% deles passaram a cozinhar mais, segundo pesquisa Datafolha.

Mas vale ressaltar que ainda existe resistência. Para 44% dos homens entrevistados, o marido que
larga o emprego para cuidar da casa deve ter vergonha (Data Popular, 2020).

A paternidade também ganhou novos contornos. A distância deu lugar à proximidade e ao afeto. Agora, o próximo passo é o entendimento da responsabilidade integral, que ainda é sistematicamente associada às mulheres.

Pais millennials estão mais engajados no cuidado diário com as crianças do que qualquer geração anterior e 88% deles sentem que é minimamente importante ser o “pai perfeito” (Baby Center, 2019).

Este conteúdo faz parte do estudo feito pela WGSN e Aramis que tem como objetivo traçar a evolução das diferentes masculinidades e os impactos no presente e futuro da sociedade, no consumo e na realidade dos homens brasileiros. O material é resultado do cruzamento de pesquisas aprofundadas sobre o tema com conversas com diferentes especialistas: time estratégico Aramis, estrategistas WGSN e sociólogos e profissionais brasileiros envolvidos com masculinidades.

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