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Home office pode significar ter reunião invadida por animais de estimação

Na pandemia, as situações engraçadas passaram a ser vistas com mais frequência graças às diversas lives que são realizadas — e que os bichos adoram invadir

Home office  (sanjeri/Getty Images)

Home office (sanjeri/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de julho de 2020 às 11h19.

Última atualização em 27 de julho de 2020 às 18h16.

Vídeos de animais fazendo sucesso na internet já nem são mais novidade. Gatinhos derrubando objetos decorativos das estantes, cachorros que perseguem o próprio rabo por horas. Os personagens e as situações mudam, no entanto, durante a pandemia do novo coronavírus, as situações engraçadas passaram a ser vistas com mais frequência graças às diversas lives que são realizadas diariamente - e que os bichos adoram invadir. Afinal, agora, os donos estão mais tempo em casa. "Estar em casa afeta o comportamento dos pets e é por isso que eles acabam fazendo essas 'participações especiais'", explica a veterinária Juliana Damasceno. "É uma tentativa de chamar a atenção do tutor."

O jornalista Fernando Gabeira, comentarista da GloboNews, já percebeu como os seus gatinhos são capazes de chamar a atenção não só dele, mas também dos telespectadores durante suas entradas ao vivo. "Eles são muito falados e fotografados. Há quem reclame quando eles não aparecem. Acham que os estou escondendo. Mas são absolutamente livres, aparecem quando querem. Não posso nem quero controlá-los", conta.

De acordo com o jornalista, ele e a mulher, Neila Tavares, vivem com quatro gatos em casa e mais quatro no escritório de Neila, onde ela trabalha o dia todo, mesmo na pandemia. "No prédio em que a gente mora, um belo dia me perguntaram se eu poderia acolher um gato que tinha sido abandonado. Assim começou a nossa vida de 'gateiros'", brinca.

A veterinária explica que a grande maioria dos animais vai se beneficiar da presença constante do humano dentro de casa. "Não é que eles estejam mais carentes, mas como é benéfica essa presença, o animal vai requerer a atenção. Cabe ao tutor tornar essa interação rotineira", explica.

Mas claro que é preciso tempo para que os animais - e nós mesmos - se acostumem com a situação. "O Fernando (Gabeira) viajava muito antes de a pandemia começar. Depois que ele passou a ficar em casa, eles (os gatos) ficaram mais grudados ainda. Acho que têm medo de que ele vá embora de novo", conta Neila.

Algo parecido aconteceu com o conselheiro Antonio Roque Citadini durante a sessão virtual do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) em 14 de julho. Bravo, seu dogue alemão de cinco anos, decidiu pedir um pouco de carinho justamente quando ele estava lendo o seu voto. De acordo com Citadini, o cachorro não o via havia três meses, pois estava no interior de São Paulo. "Ele voltou na segunda-feira e está muito apegado a mim porque ele tinha uma vida muito agradável em casa, e achou que tinha sido abandonado. Quando voltou, aonde eu ando ele anda atrás", comentou ele em entrevista ao E+. Ao notar as risadas dos colegas, o conselheiro brincou: "Esse é o meu cachorro. Justo agora ele me aparece aqui. Vá para lá".

Apesar de acontecer sem aviso, a maneira do conselheiro se comportar perante o animal foi a correta. De acordo com a veterinária, não é indicado brigar nem afagar o animal nesses momentos, pois isso pode reforçar o comportamento. "A gente precisa que o contato do tutor seja positivo, consistente e previsível", ensina ela.

Ou seja, durante o home office, o carinho e as brincadeiras com o animal devem ser dadas no momento certo e não quando ele quiser receber ou nós estivermos com vontade de dar. Caso seja hora de trabalho, não dê tanta atenção ao seu animal. "É ideal que o gato tenha um lugar próximo do local de trabalho dos tutores. Já para os cachorros, comedouros recheáveis prendem a atenção", indica também.

Mundo afora

Nos casos citados acima, a participação dos bichanos foram pontuais. Mas em outros vídeos virais da internet, as interrupções foram um pouco mais chamativas. Como o caso de Brody, a golden retriever do meteorologista Paul Dellegatto do canal americano FOX 13 News. Durante a chamada ao vivo, a cachorra danificou o computador e impediu que os gráficos de mapas fossem exibidos, fazendo com que o jornalista fosse obrigado a narrar, em vez de mostrar, as mudanças do tempo.

Já a jornalista Doris Bigornia, da DMZZ Teleradyo, uma emissora fechada da televisão filipina, foi interrompida pela briga intensa de seus gatos. A comunicadora, antes calma, perdeu a concentração, mas manteve a compostura. Isso, porém, não impediu que o vídeo se tornasse viral.

No Reino Unido, um gatinho bebeu o leite do padre Robert Willis, diretor da catedral de Canterbury, durante uma das orações matinais ao vivo que ele faz para os seus espectadores. Provando que a situação não acontece somente com jornalistas ou durante entrevistas, mas sim com qualquer um que planeja fazer um vídeo ao vivo. Aliás, em tempos de isolamento social, quem não tem pets pode muito bem ser interrompido pelas crianças, mães, pais ou esposas. Home office, afinal, também é lidar com imprevistos.

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