Peça digital "A Arte de Encarar o Medo", da companhia Os Satyros (André Stefano/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 12 de junho de 2020 às 07h30.
Em tempos de pandemia e quarentena causadas pelo novo coronavírus, grupos de teatro tiveram de fechar as portas e ficar longe do público. Nesse meio tempo, alguns deles disponibilizaram gravações antigas de peças, como forma de "abrir o acervo" e oferecer um pouco de cultura e entretenimento durante o isolamento.
Mas a companhia Os Satyros, grupo de São Paulo com trinta anos de vida e com sede na Praça Roosevelt, decidiu inovar. O grupo estreia nessa sexta-feira (13) às 21h "A Arte de Encarar o Medo", peça inédita criada totalmente durante a quarentena, com atores isolados em suas casas, e pensada desde a base para o formato das lives, não apenas adaptada do palco físico para o digital.
"A Arte de Encarar o Medo", escrita por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez e com direção de Rodolfo García Vázquez, conta a história de um futuro distópico, onde a população mundial já está há 5.555 dias de quarentena e ninguém sabe mais o que se passa lá fora. Os amigos que se encontram pela internet não entendem como ainda existe energia elétrica, porque as emissoras de televisão e os jornais deixaram de existir e as cidades foram abandonadas.
Os 18 atores se apresentam na frente de suas câmeras em casa e se valem de janelas virtuais, iluminação e movimentação das câmeras para criar o espetáculo. No elenco, 15 artistas que trabalham com os Satyros há anos: Ivam Cabral, Eduardo Chagas, Nicole Puzzi, Ulrika Malmgren, Diego Ribeiro, Fábio Penna, Gustavo Ferreira, Henrique Mello, Julia Bobrow, Ju Alonso, Marcelo Thomaz, Marcia Dailyn, Mariana França, Sabrina Denobile e Silvio Eduardo. Com eles, o ator convidado César Siqueira e os atores mirins Nina Denobile Rodrigues e Pedro Lucas Alonso.
"A Arte de Encarar o Medo"
Duração: 50 minutos
Estreia 13/6, às 21h
Às sextas e sábados às 21h e domingo às 16h
Ingressos e acesso à transmissão via Symplia por R$20 e R$10 (meia)
A atriz e autora Cléo de Páris, que já trabalhou com o grupo Os Satyros em diversos espetáculos, como "A Filosofia na Alcova" e "A Vida na Praça Roosevelt", há semanas apresenta um monólogo via Instagram ao público, direto da casa da família em Barão de Cotegipe, Rio Grande do Sul, onde decidiu passar os meses de quarentena.
Todas as terças-feiras, às 22h, Cléo apresenta ao vivo "Desamparo", peça de vinte minutos escrita por ela e dirigida pelo ator e diretor Fábio Penna. Nos jardins da casa, Cléo mistura teatro e cinema em um texto autoral e repleto de referências de outros autores, como Florbela Espanca, Cecília Meireles e Milan Kundera.
O sino da igreja da cidade de sete mil habitantes, que badala às 22h, serve de "terceiro sinal" para a peça "abrir as cortinas".