Premiação: "Chacrinha", indicado em 12 categorias, conquistou apenas três prêmios (Facebook/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de agosto de 2019 às 17h18.
Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 17h19.
Foi uma bela festa. Começou com atraso, entrou pela madrugada de quinta-feira, 15, mas o 18º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, o primeiro realizado em São Paulo, celebrou música e cinema, e resistência. Cacá Diegues, um dos vencedores da noite - ganhou um monte de prêmios pelo seu Grande Circo Místico -, lembrou, no palco do Teatro Municipal, que o cinema brasileiro já atravessou tempos muito mais sombrios, e sobreviveu.
Stepan Nercessian, melhor ator por Chacrinha - O Velho Guerreiro, de Andrucha Waddington, que também venceu o prêmio do público, dedicou seu Grande Otelo - o Oscar do cinema brasileiro - aos que não entendem e querem destruir nosso cinema, "mas não conseguirão".
Benzinho foi o grande vitorioso da noite. Venceu nas categorias de filme, direção (Gustavo Pizzi), roteiro original (Karine Teles e Pizzi), melhor atriz (Karine), melhor atriz coadjuvante (Adriana Esteves) e melhor montagem (Lívia Serpa). Adriana esteve gloriosa - concorria também a melhor atriz (por Canastra Suja) e, ao subir ao palco, por um momento ficou confusa por qual papel estava sendo premiada.
Começou a agradecer pelo outro antes que caísse a ficha - ou o apresentador Rodrigo Pandolfo lhe soprasse no ouvido e ela pusesse seu agradecimento, por Benzinho, nos trilhos. Chacrinha, indicado para 12 prêmios, perdeu a maioria, mas venceu com honra o melhor ator, o melhor filme do público e o prêmio de som, muito importante num musical. Cacá Diegues e a mulher, a produtora Renata Magalhães, levaram um balaio de prêmios, incluindo melhor roteiro adaptado (Cacá e George Moura), fotografia, direção de arte, efeitos visuais, figurino, maquiagem.
Na escadaria, antes que a festa começasse - com atraso -, houve protesto da Apaci, Associação Paulista de Cineastas, contra a descontinuidade do programa de fomento ao cinema paulista. No documento distribuído ao público, e endereçado ao governador João Dória, a entidade diz: "É lamentável que o secretário (de Estado da Cultura) Sérgio Sá Leitão seja o responsável pelo fim de um programa vitorioso, como tem sido o apoio da Sabesp ao cinema de São Paulo".
Há 20 anos, ainda segundo o documento, "nosso cinema é apoiado pelo Fomento e cerca de 200 filmes foram feitos, vários sucessos de público, indicações ao Oscar, participações em Cannes, Berlim, no Sundance, etc." Aberta pelo presidente da Academia Brasileira de Cinema, a premiação seguiu um protocolo, e o presidente Jorge Pellegrino começou chamando ao palco Laís Bodanzky, da Spcine, o prefeito Bruno Covas, e os secretários Municipal e de Estado da Cultura, Alê Youssef e Sá Leitão.
Laís, muito aplaudida, iniciou sua fala dando novas da Mostra de São Paulo. Disse que, assim como a premiação da noite de quarta-feira, a Mostra de Cinema terá três dias (noites) de programação no Teatro Municipal. E mais - saudou o sucesso da São Paulo Film Comission que, em apernas três anos, virou a segunda em produtividade e importância da América Latina. Prova disso, destacou, a equipe do ator Keanu Reeves já está na cidade fazendo o novo filme do astro. O prefeito fez um discurso digno de oposição. Citou números e eventos para destacar o compromisso de sua gestão, e de São Paulo, com a diversidade.
Repudiou a ideia de qualquer filtro, que comparou a censura, e foi muito aplaudido ao dizer que certificado ideológico não é requisito para participar das ofertas de financiamento de cultura da cidade.
Alê Youssef defendeu pluralidade como norma e o próprio Sá Leitão, criticado na entrada, antecipou o próximo anúncio do que definiu como o maior programas de Estado de incentivo ao audiovisual no Brasil. Serão R$ 200 milhões que o Governo do Estado pretende colocar no audiovisual, antecipou, sem fornecer detalhes. Embalada em música, a premiação teve momentos fulgurantes como a performance de Ney Matogrosso, cantando o tema Um Pouco de Calor, de Ralé, da independente Helena Ignez, e a presença da periferia, na vibrante interpretação do quarteto de Antônia, de o filme de Tata Amaral.
Fecho de ouro - a homenagem a Zezé Motta, que recebeu um Grande Otelo especial por sua carreira. Na tela, apareceram cenas antológicas de Zezé em clássicos como Xica das Silva, de Cacá Diegues, e Tudo Bem, de Arnaldo Jabor. Numa festa que celebrou cinema e música, ela agradeceu cantando Missão, de João Nogueira. Foi, como não poderia deixar de ser, aplaudida de pé.
Melhor Longa-metragem de Ficção
Benzinho, de Gustavo Pizzi.
Melhor Longa-Metragem Documentário
Ex Pajé, de Luiz Bolognesi.
Melhor Longa-Metragem Infantil
Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano, de Viviane Jundi.
Melhor Longa-Metragem Comédia
Minha Vida em Marte, de Susana Garcia.
Melhor Direção
Gustavo Pizzi, por Benzinho
Melhor Atriz
Karine Teles, por Benzinho
Melhor Ator
Stepan Nercessian, por Chacrinha: O Velho Guerreiro (de Andrucha Waddigton)
Melhor Atriz Coadjuvante
Adriana Esteves, por Benzinho
Melhor Ator Coadjuvante
Matheus Nachtergaele, por O Nome da Morte (de Henrique Goldman)
Melhor Direção de Fotografia
Gustavo Hadba, ABC, por O Grande Circo Místico
Melhor Roteiro Original
Karine Teles e Gustavo Pizzi, por Benzinho
Melhor Roteiro Adaptado
Carlos Diegues e George Moura, por O Grande Circo Místico
Melhor Direção de Arte
Artur Pinheiro, por O Grande Circo Místico
Melhor Figurino
Kika Lopes, por O Grande Circo Místico
Melhor Maquiagem
Catherine Leblanc Caraes e Emmanuelle Fèvre, por O Grande Circo Místico
Melhor Efeito Visual
Marcelo Siqueira, ABC e Thierry Delobel, por O Grande Circo Místico
Melhor Montagem Ficção
Livia Serpa, por Benzinho
Melhor Montagem Documentário
Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, por Todos os Paulos do Mundo
Melhor Som
Jorge Saldanha, Armando Torres Jr, ABC, Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima e Renan Deodato, por Chacrinha: O Velho Guerreiro
Melhor Trilha Sonora Original
Elza Soares e Alexandre Martins, por My Name is Now, Elza Soares
Melhor Trilha Sonora
Zeca Baleiro, por Paraiso Perdido (de Monique Gardenberg)
Melhor Longa-Metragem Estrangeiro
Infiltrado na Klan/ Blackkklansman (EUA), de Spike Lee.
Melhor Longa-Metragem Ibero-Americano
Uma Noite de 12 Anos/La Noche de 12 Años (Argentina, Espanha, Uruguai), de Álvaro Brechner.
Melhor Longa-Metragem de Animação - Menção Honrosa
Peixonata - O Filme
Melhor Curta-Metragem Animação
Lé com Cré, de Cassandra Reis
Melhor Curta-Metragem Documentário
Cor de Pele, de Livia Perini
Melhor Curta-Metragem Ficção
o Órfão, de Carolina Markowicz
Melhor Série Brasileira de Animação
Irmão do Jorel, de Juliano Enrico
Melhor Série Brasileira de Documentário
Inhotim - Arte Presente
Melhor Série Brasileira de Ficção
Escola de Gênios - 1ª Temporada
Melhor Longa-Metragem Ficção - Voto Popular
Chacrinha: O Velho Guerreiro de Andrucha Waddington.
Melhor Longa-Metragem Documentário - Voto Popular
My Name Is Now, Elza Soares, de Elizabete Martins Campos
Melhor Longa-Metragem Estrangeiro - Voto Popular
Nasce Uma Estrela/A Star is Born (EUA), de Bradley Cooper.
Melhor Longa-Metragem Ibero-Americano - Voto Popular
Uma Noite de 12 Anos/La Noche de 12 Años (Argentina, Espanha, Uruguai), de Álvaro Brechner.