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Grande Bazar de Istambul se prepara para reabrir após fechamento doloroso

Segundo as autoridades locais, é o fechamento mais longo em quase seis séculos de existência do Bazar, à exceção de desastres naturais e incêndios

Grande Bazar de Istambul: local recebia cerca de 150 mil pessoas por dia antes de fechar (Ozan Kose/AFP Photo)

Grande Bazar de Istambul: local recebia cerca de 150 mil pessoas por dia antes de fechar (Ozan Kose/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 27 de maio de 2020 às 14h07.

Última atualização em 27 de maio de 2020 às 14h15.

Funcionários da limpeza percorrem os corredores silenciosos do Grande Bazar de Istambul, borrifando desinfetante nos pisos, colunas e paredes a poucos dias da reabertura deste local icônico na capital econômica turca.

Com cerca de 3.000 lojas e 30.000 comerciantes, o Bazar foi fechado em 23 de março como parte de medidas para conter a pandemia do novo coronavírus. Até agora, a Turquia registra cerca de 4.500 mortos.

Segundo as autoridades locais, é o fechamento mais longo em quase seis séculos de existência do Bazar, à exceção de desastres naturais e incêndios.

Esse mercado coberto, um dos maiores do mundo, que recebia cerca de 150.000 pessoas por dia antes de fechar, agora está imerso em um silêncio lúgubre que contrasta com o barulho de milhares de comerciantes que ligam para clientes em todos os idiomas do mundo.

Apenas cerca de 20 joalheiros e casas de câmbio permanecem abertos e recebem clientes mediante agendamento.

Lâmpadas tradicionais e vidros decorativos esperam, nas vitrines, a reabertura nesta segunda-feira. Enquanto isso, há várias semanas, o Bazar é desinfetado toda quarta-feira por equipes da prefeitura.

"Após o fechamento temporário de 23 de março, se Deus quiser, reabriremos nosso mercado respeitando os imperativos sanitários", disse à AFP o presidente do conselho de administração do Grande Bazar, Fatih Kurtulmus.

Embora antecipe uma baixa atividade nas primeiras semanas, ele está "convencido de que os turistas voltarão a Istambul a partir do final de junho, porque não podem prescindir (...) do Grande Bazar, da Hagia Sophia e da Mesquita Azul", acrescenta, listando outros lugares emblemáticos de Istambul.

Fechamento raro

Localizado na parte histórica, o Grande Bazar é uma das principais atrações turísticas de Istambul. No ano passado, 42 milhões de pessoas visitaram o local. Foi construído em 1455, dois anos após a conquista de Constantinopla pelos otomanos.

Coração pulsante da nova capital otomana, renomeada Istambul, o Grande Bazar floresceu em paralelo com a expansão do império que se estendia do Magrebe aos Bálcãs, passando pela península Arábica, antes de afundar no final da Primeira Guerra Mundial.

A paralisação da atividade do mercado, devido à pandemia de COVID-19, "é um dos raros fechamentos em sua história", disse Kurtulmus.

"Nosso Grande Bazar, o coração da economia, cultura, história e turismo, nunca foi fechado, exceto após catástrofes naturais", explicou ele.

"Mas tivemos que colocar a segurança e a saúde acima da economia", afirmou.

Depois que os primeiros casos de COVID-19 apareceram em meados de março, o Bazar ainda ficou aberto por alguns dias. À época, profissionais de saúde passaram de loja em loja para testar os comerciantes. Segundo Kurtulmus, apenas sete casos de coronavírus foram registrados.

Medidas estritas

A reabertura do mercado será realizada sob as rigorosas medidas determinadas pelo Ministério da Saúde: uso obrigatório de máscara e número limitado de clientes nas lojas.

"Algumas lojas têm apenas 15m2, apenas dois clientes serão aceitos ao mesmo tempo", explicou Kurtulmus.

Os comerciantes estão preocupados com o futuro do mercado coberto, que dependerá do retorno do turismo.

"É a espinha dorsal da economia do Grande Bazar", comentou o joalheiro Ayhan Oguz.

"2020 será um ano de perdas econômicas. Se os negócios forem retomados, o turismo for retomado, e as conexões aéreas forem restabelecidas até setembro, a situação deve melhorar", acrescentou.

Enquanto isso, Namik, dono de outra joalheria, reclama da situação difícil.

"Estamos em um momento ruim. Como vamos pagar o aluguel? O Bazar reabrirá em 1º de junho, mas mal conseguimos chegar ao fim do mês", desabafa.

Mais otimista, Kurtulmus acredita que os comerciantes vão-se recuperar rapidamente.

"Trabalho aqui há três gerações. Passamos por tempos difíceis. Estou convencido de que o Grande Bazar vai-se recuperar e compensará totalmente suas perdas até o final do ano", afirmou ele.

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