Ospina: a Brazuca foi desenvolvida para gerar mais pontos porque o gol é a “paixão” do futebol (REUTERS/Ricardo Moraes)
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2014 às 16h46.
A bola Brazuca, da Adidas AG, parece ser uma das explicações para a fartura de gols na Copa do Mundo. A bola feita de seis painéis unidos termicamente, cada qual moldado como uma casca de banana, é mais aerodinâmica que sua antecessora, a Jabulani, que oscilava mais no ar, segundo um estudo do Instituto de Saúde e Ciências do Esporte da Universidade de Tsukuba, no Japão.
A Brazuca foi desenvolvida para gerar mais pontos porque o gol é a “paixão” do futebol, segundo o goleiro da Colômbia, David Ospina. No Brasil foram marcados 154 gols em 56 partidas até o momento, uma média de 2,75 por jogo.
O volume é maior que o de todo o torneio anterior, em 2010, e está a caminho de bater a edição de 1998, que teve 171 gols.
“Nós, goleiros, estamos tentando parar as bolas o máximo que podemos”, disse Ospina a repórteres, no campo de treinamento da seleção, em São Paulo. “É bem difícil”.
James Rodríguez, da Colômbia, o artilheiro do torneio com cinco gols, acertou um chute a 23 metros de distância que viajou em arco até a rede em uma vitória por 2 a 0 contra o Uruguai.
Em outra partida das oitavas de finais, Wesley Sneijder acertou um tiro de 13,8 metros que passou pelo goleiro do México, Guillermo Ochoa, “como um míssil”, em meio à recuperação da Holanda na vitória por 2 a 1 contra o México, segundo a crônica da partida publicada pelo jornal Daily Mail.
A Brazuca viaja mais rapidamente que a bola anterior, a velocidades de 10 a 25 metros por segundo, segundo Sungchang Hong, que escreveu o estudo da Universidade de Tsukuba com Takeshi Asai.
“Ela pode ser um pouco favorável aos atacantes” no confronto com os goleiros, escreveu Sungchang em um e-mail.
Estudo da NASA
Embora alguns observadores atribuam a contagem de gols mais alta que o normal a uma série de fatores, desde jogadores melhor condicionados até táticas ofensivas, um estudo da Nasa também mostrou que a bola é mais aerodinâmica que sua antecessora.
Segundo Rabi Mehta, um especialista em aerodinâmica da Nasa que estudou a trajetória da redonda, a nova bola da Adidas reduz a oscilação que ocorre quando as costuras do objeto chocam com o ar.
“A Brazuca mostrou trajetórias de voo relativamente estáveis e regulares”, apontou o estudo japonês após usar um robô para atirar a bola dentro de um túnel de vento. A Jabulani era “instável”, segundo o estudo.
Depois que a Jabulani, que significa “celebração” em Zulu, foi criticada por oscilar no evento de 2010 na África do Sul -- o goleiro da Inglaterra, David James, a chamou de “porcaria” -- a Adidas passou dois anos e meio testando a Brazuca.
Avalanche de gols
A Adidas recebeu um feedback positivo dos jogadores que testaram a bola antes do torneio, segundo Alan McGarrie, porta-voz da empresa com sede em Herzogenaurach, Alemanha. Pepe Reina, da Espanha, um dos goleiros que testaram a Brazuca, disse que era “uma bola satisfatória”, acrescentou McGarrie.
“Não cabe a nós dizer se a Brazuca teve algum impacto no número de gols do torneio”, disse McGarrie. “Mas ficamos satisfeitos se as pessoas acham que ela contribuiu para uma grande Copa do Mundo até aqui”.
A Holanda venceu a Espanha por 5 a 1 na primeira rodada do torneio e, entre outras goleadas, a Alemanha derrotou Portugal por 4 a 0 e a França bateu a Suíça por 5 a 2.
Apesar da avalanche de gols, o design da bola pode ter extinguido um chute popular no Brasil, segundo o ex-treinador da Nigéria, Sunday Oliseh: o tiro cheio de curvas que era marca registrada do lateral Roberto Carlos.
“Não vimos nenhum desses”, disse Oliseh.