Aplicação de Botox: Allergan prevê que receita deste negócio pode se expandir em até 40% nos próximos cinco anos. (AFP/Mario Vedder)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2016 às 21h15.
A preocupação com as linhas de expressão e com os pés de galinha pode começar cedo. Na China, mulheres na casa dos 20 e dos 30 anos estão gastando em terapias para suavizar suas rugas -- uma tendência crescente que a Union Medical Healthcare quer atender.
A Union Medical, maior provedora do tratamento antirrugas Botox em Hong Kong, captou 742,4 milhões de dólares de Hong Kong (US$ 96 milhões) em uma oferta pública inicial no começo deste ano para financiar aquisições e despesas de capital que expandirão sua rede de clínicas Dr Reborn no território e na China continental.
A empresa busca uma fatia maior do mercado de medicina estética da China, que segundo previsão da empresa dobrará para US$ 11,3 bilhões até 2020.
A atração de uma clientela mais jovem oferece um potencial maior de repetir o negócio no decorrer da vida do cliente. Além disso, pessoas na faixa dos 20 ou dos 30 anos são mais propensas a fazer propaganda boca a boca gratuitamente, segundo Gabriel Lee, diretor de operações da Union Medical.
“Hong Kong começou realmente tarde na introdução da medicina estética, mas está recuperando o tempo perdido rapidamente porque as pessoas que buscam esses serviços são cada vez mais jovens”, disse Lee, 37, em entrevista.
“A nova geração dessa região quer resultados efetivos e imediatos e não se importa em compartilhar com os outros que fizeram esses procedimentos de forma bem-sucedida”.
Os tratamentos que utilizam o Botox, da Allergan, e outras injeções, como o ácido hialurônico -- que segundo Lee suaviza as rugas e faz o rosto parecer mais magro --, respondem por 30 por cento das vendas da Union Medical.
A empresa prevê que a receita desse negócio poderá se expandir em até 40 por cento nos próximos cinco anos -- aproximadamente o dobro do ritmo do mercado, disse Lee.
Nos EUA, as pessoas de mais de 35 anos respondem por 80 por cento dos procedimentos estéticos não cirúrgicos, enquanto na China os principais compradores têm menos de 35 anos, disse o HSBC em um relatório, no mês passado.
Os tratamentos injetáveis são especialmente populares por causa do tempo de recuperação rápido e pelo baixo risco de complicações, segundo o relatório, que disse que alguns devotos se referem aos procedimentos como “cosméticos para o horário do almoço” por causa da duração do tratamento, de uma hora.
“É como comprar roupas ou cosméticos novos”, disse Lee. “As injeções são realmente efetivas. Olhe no espelho e você verá os resultados imediatamente”.
No total, 90 por cento dos clientes da Union Medical são mulheres, a maioria com idade entre 18 e 45 anos, segundo Lee. Procedimentos minimamente invasivos custam a partir de 1.000 dólares de Hong Kong para clientes de primeira viagem e podem variar de 10.000 a 100.000 dólares de Hong Kong para pacotes com vários tratamentos, disse ele.
As margens de lucro dos tratamentos que utilizam preenchedores dérmicos de ácido hialurônico são atraentes, disse o HSBC -- e a maioria dos clientes precisa de repetições anuais.
Com o impulso de “poderosas campanhas de marketing” e a influência das redes sociais, os volumes de tratamento aumentarão mais de 20 por cento ao ano nos próximos três anos, estima o banco.
A Bloomage Biotechnology e a Shanghai Haohai Biological Technology Company são as duas principais fabricantes domésticas do ácido hialurônico, segundo uma pesquisa do HSBC com 50 hospitais.
A Restylane -- de propriedade da Galderma, que por sua vez pertence à Nestlé -- e a Juvederm, da Allergan, estão entre as demais fabricantes com autorização de venda na China.
A Allergan, que está sendo comprada pela Pfizer, ampliou sua equipe de vendas na China, disse o presidente Brenton L. Saunders em uma teleconferência para discussão dos lucros, em 4 de novembro, acrescentando que o país asiático oferece à empresa com sede em Parsippany, Nova Jersey, nos EUA, “muitas oportunidades de continuar expandindo o portfólio estético”.