Robô serve cerveja no bar 'La Gitana Loca' em Sevilha (AFP/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 20 de maio de 2020 às 07h00.
Última atualização em 20 de maio de 2020 às 13h20.
Sem boca, sem nariz e sem mãos, o risco de contágio é nulo. O garçom do Gitana Loca, em Sevilha, é perfeito para servir cervejas durante a pandemia, embora os clientes possam sentir falta do afeto, já que é um robô.
Localizada na entrada do bar, a máquina consiste em um longo braço articulado de cor branca com uma pinça na ponta, ao estilo Capitão Gancho.
O braço pega o copo de plástico de um dispensador, o coloca meio inclinado sob a torneira de cerveja e o enche até a borda. A cerveja, com vários dedos de espuma, é então depositada em cima do balcão, onde o cliente pode pegá-la.
No coração da capital andaluz, o bar conta com o reforço deste robô desde 11 de maio, quando começou o prudente e gradual desconfinamento da Espanha, um dos países mais castigados pela epidemia com mais de 27.700 mortes.
Sevilha está na primeira das três fases de desconfinamento, na qual os terraços dos bares podem abrir com uma capacidade reduzida e inúmeras medidas de higiene e distanciamento social.
O proprietário do Gitana Loca, um local de baixo custo onde a cerveja custa 70 centavos de euros (0,77 dólar) e as bebidas são recolhidas no balcão, já havia planejado equipar outro de seus estabelecimentos muito antes do confinamento, para agilizar as vendas.
Mas o estado de emergência declarado em meados de março impediu seu plano.
Então, "vimos que seria ideal quando começasse a fase um" do desconfinamento, explica à AFP o proprietário da franquia, Alberto Martínez.
"Como tudo era para evitar o contato entre os clientes e todos os elementos (...), o robô serve muito bem para que no copo de plástico também evitemos o contato e seja fácil de usar e jogar fora, tudo muito focado no autosserviço", explica.
"Agora não é lucrativo estar aberto, por conta das poucas cadeiras que temos. Mas temos que competir com os outros bares e fazer algo diferente", confessa Martínez.
No entanto, há os românticos que preferem o método tradicional.
"Acredito que o tratamento entre cliente e barman, o olho no olho, ver a cerveja caindo quando é servida e tudo o mais, tem um atrativo que está se perdendo com essa máquina robô", opina Manuel Fernández, um jurista de 33 anos sentado no terraço do bar.
"Não sou a favor desse tipo de máquina. Prefiro correr o risco e que sirvam minha cervejinha como foi feito durante toda a minha vida", conclui.