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Frida Kahlo: estilo mexicano que inspirou a moda mundial

A exposição "As aparências enganam", aberta nesta quarta-feira, exibe cerca de 300 peças assinadas por celebrados estilistas


	Boneca de Frida é vista em frente a uma foto da artista em uma fábrica: Frida criou roupas para esconder imperfeições e promover sua identidade étnica
 (Susana Gonzalez/AFP)

Boneca de Frida é vista em frente a uma foto da artista em uma fábrica: Frida criou roupas para esconder imperfeições e promover sua identidade étnica (Susana Gonzalez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2012 às 12h16.

Cidade do México - O vestuário tipicamente mexicano da pintora Frida Kahlo, escolhido para esconder seu corpo debilitado e preservar sua identidade étnica, inspirou estilistas em todo o mundo e a partir desta quarta-feira será exibido em sua colorida casa-museu, na Cidade do México.

A exposição "As aparências enganam", aberta nesta quarta-feira, exibe cerca de 300 peças, entre vestidos, sapatos, jóias, perfumes e outros objetos pessoais encontrados nos armários, baús e banheiros da Casa Azul, no sul da capital mexicana, onde Frida viveu com o marido Diego Rivera, outro artista plástico muito representativo do México.

A mostra incluiu três corpetes, um deles feito em couro pelo estilista Jean Paul Gaultier para a marca japonesa Comme des Garçons, dedicados à memória da pintora.

Também estão expostos três vestidos com flores, rendas e em algodão desenhados pelo italiano Ricardo Tisci para a maison francesa de Alta-Costura Givenchy e que foram inspirados na vida e imagem de Frida.

Uma das salas é dedicada a nove vestidos de tehuana, peça feminina típica de Tehuantepec, no sul do México, terra natal da mãe de Frida.

As blusas curtas com estampados coloridos e as saias amplas escondiam o corpo debilitado da pintora.

Kahlo teve poliomielite nos primeiros anos de vida, o que afetou o crescimento de suas pernas. Aos 18 anos, em um acidente de ônibus, um tubo de metal atravessou seu tronco, obrigando-a a passar por dolorosas cirurgias e a ficar acamada por longos períodos de sua vida.


Usando o delicado bordado de suas blusas curtas de tehuana e o complicado penteado de tranças, Kahlo conseguia atrair o olhar para cintura e rosto, distraindo o olhar de suas pernas e corpo, disse Circe Henestrosa, curadora da exposição.

Em um de seus desenhos, em que Kahlo representa a si mesma nua com borboletas estampadas em uma perna e um corpete pintado sob um elegante vestido amplo, a artista escreveu de seu próprio punho a frase que dá nome à mostra: "As aparências enganam".

Alguns especialistas dizem que a pintora se vestia de tehuana para agradar Diego Rivera, com quem ficou casada até o dia de sua morte em 1953, mas segundo Henestrosa, a descoberta de uma fotografia da Casa Azul, que mostra todas as mulheres da família Kahlo vestidas assim, revela sua vontade de conservar um legado.

"Sua maneira de vestir foi resultado de seu próprio e forte sentido de identidade, uma identidade construída na dor física", disse Henestrosa durante uma visita à exposição.

O traje de Tehuantepec "simboliza uma mulher forte", acrescentou, e Kahlo elegeu trajar esse vestido porque a ajudava a projetar suas convicções políticas e sua mexicanidade. Isso aparece como um manifesto em seu autorretrato "As duas Fridas", onde a pintora surrealista aparece com esses vestidos típicos.

"Para que quero pés se tenho asas para voar", escreveu a artista em uma de suas pinturas expostas em uma sala destinada aos sapatos.

Uma bota vermelha delicadamente pintada com motivos chineses na prótese que Kahlo utilizou quando teve a perna amputada, e disposta entre outros pares de elegantes sapatos, fala por si só do estilo com o qual a artista viveu apesar do sofrimentos físico.

"O estilo de Frida era eclético. Gostava de combinar cores, texturas e origens das peças segundo seu estado de espírito", explicou Hilda Trujillo, diretora do museu Frida Kahlo.

As peças, restauradas nos últimos oito anos, serão exibidas por partes na Casa Azul, em uma iniciativa com participação da revista Vogue, que em 1939 dedicou sua capa à artista, apesar da militância política que ela mantinha no Partido Comunista.

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