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Fotógrafo americano provoca público com retratos de sua mãe

A dicotomia mãe versus objeto de desejo ''perturba o espectador'' e o obriga a se fazer perguntas sobre da identidade da mãe


	Museu Wiels, em Bruxelas: A curadora acredita que a exposição seria ''muito mais provocadora mas menos perturbadora'' se incluísse unicamente os retratos explícitos
 (Wikimedia Commons)

Museu Wiels, em Bruxelas: A curadora acredita que a exposição seria ''muito mais provocadora mas menos perturbadora'' se incluísse unicamente os retratos explícitos (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2012 às 20h36.

Bruxelas - ''Qual é nosso conceito da maternidade?'' e ''como a sexualidade se adapta a ele?'' são algumas das incômodas questões que o fotógrafo americano Leigh Ledare propõe em uma série de retratos de sua própria mãe em poses explícitas, exibida em Bruxelas em sua primeira grande mostra.

Ledare (Seattle, EUA, 1976) retrata sua mãe nua perante o espelho, transando em várias posições com homens visivelmente mais jovens, em poses de ''stripper'' e com as pernas abertas voltadas para a câmera. Nas imagens, a mesma mulher aparece com atitude sóbria, lânguida e angelical.

A dicotomia mãe versus objeto de desejo ''perturba o espectador'' e o obriga a se fazer perguntas sobre da identidade da mãe, segundo disse em entrevista à Agência Efe Elena Filipovic, curadora da mostra que poderá ser vista no centro Wiels, em Bruxelas, até 25 de novembro.

Os retratos, intitulados em sua maioria ''Mom'' (Mamãe), abordam a questão materna ''em toda a sua complexidade'', e evidenciam ''que a mulher pode ser ao mesmo tempo mãe, uma referência para seus filhos e um objeto sexual, embora para algumas pessoas seja problemático admitir'', segundo Elena.

''A sexualidade da mãe é a última fronteira do tabu'', acrescentou a curadora, que concorda que a relação materno-filial da mulher e o fotógrafo ''não é a mais habitual'', devido à experiência prévia da mulher como modelo, dançarina e ''stripper''.

''Mas o que é a normalidade sexual quando falamos da mãe?'', pergunta a comissária.

Ao mesmo tempo, Ledare interpela o público em sua função de ''voyeur'' ao fazê-lo participar de um exibicionismo que não se materializaria sem seu olhar.


''Não se trata de uma provocação gratuita. Também não é pornografia ou erotismo, porque as imagens de Ledare não suscitam desejo ou atração sexual'', analisou Elena.

A curadora acredita que a exposição seria ''muito mais provocadora mas menos perturbadora'' se incluísse unicamente os retratos explícitos, e neste sentido chama à reflexão sobre o que se pode mostrar em uma imagem e o que não.

''Hoje em dia estamos bombardeados por imagens pornográficas e semipornográficas na televisão, na internet e na publicidade, e ninguém se coloca perguntas a respeito'', comentou.

As imagens pertencem à série ''Pretend You''re Actually Alive'' (Finja que você está realmente vivo) e fazem parte da centena de obras reunidas na primeira grande mostra dedicada exclusivamente ao artista, que também inclui vídeos e colagens.

Outra de suas séries inclui retratos de uma ex-mulher de Ledare feitas por seu novo marido e pelo próprio artista, e também oscilam entre a ternura e a crueza.

O título da exposição ''Leigh Ledare, et al.'' (Leigh Ledare e outros) foi eleito pelo próprio autor para mostrar ''o papel central que esses outros (mãe, amigos, ex-mulheres, colecionadores e clientes anônimos) desempenham em seu trabalho'', segundo o site do centro Wiels.

Apesar das imagens transgressoras, a exposição não suscitou por enquanto queixas ou reações negativas, segundo a curadoria.

A maioria das pessoas se mostra ''incomodada ou perturbada'' ao sair da mostra. ''Seria preocupante se não gerasse nenhum tipo de reação no espectador'', acrescenta Elena.

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