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Flapper espera crescer na pandemia com voos de carga e repatriação

Conhecida pela rota São Paulo/Angra dos Reis, startup de compartilhamento de voos fretados cobra 500 mil dólares para buscar carregamentos na China

Flapper: expectativa, no entanto, é aumentar o faturamento durante a pandemia (Flapper/Divulgação)

Flapper: expectativa, no entanto, é aumentar o faturamento durante a pandemia (Flapper/Divulgação)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 21 de abril de 2020 às 06h00.

Última atualização em 21 de abril de 2020 às 06h01.

Como esperado, a procura pelos voos de jatinho que decolam regularmente do Campo de Marte, em São Paulo, e pousam em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, despencou vertiginosamente com o agravamento da pandemia em curso. Espécie de cartão de visita da Flapper, startup de compartilhamento de voos fretados criada há quatro anos, eles custam por volta de 950 reais por pessoa, só a ida. Isso às sextas-feiras e em vésperas de feriados. Em outros dias dá para encontrar passagens por cerca de 300 reais, o que também vale para viagens no contra-fluxo.

Antes da Covid-19 decolar no país, a Flapper operava, em média, 150 voos do tipo a cada mês, somando todas as rotas. A estimativa para abril é que não passem de 50. A expectativa, no entanto, é aumentar o faturamento durante a pandemia. A explicação é um desvio de rota iniciado logo que o novo coronavírus pousou no Brasil. Desde então a companhia oferece voos internacionais de repatriação e de carga. “Como são bem mais caros que os operados normalmente, vamos crescer mesmo com um número menor de decolagens”, afirma Paul Malicki, o CEO da Flapper.

De quanto será o salto no faturamento de abril em diante ele não sabe dizer, mas a expectativa de crescimento para 2020 é a mesma registrada no ano passado, de 251%. “Logo que vimos que a demanda pela aviação executiva e de lazer iria cair decidimos explorar outros caminhos”, diz Malicki. “Com a Covid-19, esse mercado diminuiu por aqui 67%, como na China, e a recuperação vai depender do controle da doença”.

Um dos aviões de grande porte usado para repatriação, da Flapper

Um dos aviões de grande porte usado para repatriação, da Flapper (Flapper)

A nova estratégia só foi possível porque a frota de aviões e helicópteros ofertados pela Flapper não pertence a ela. É de companhias parceiras, para as quais a startup direciona passageiros e cobra por isso — daí o apelido de Uber da aviação. A diferença é que antes ela recorria basicamente a aeronaves como o Legacy 600, para doze passageiros, e hoje também dispõe, por exemplo, de um Boeing 767-300 com capacidade para transportar 67 toneladas de equipamento.

Voos de carga a Flapper já operou cinco e a cifra que todo mundo quer saber é 500 mil dólares. É quanto a companhia cobra, aproximadamente, para decolar um avião com carregamento da China. Viagens de repatriação foram quinze e os preços das passagens oscilam entre 1.300 e 1.500 dólares por pessoa, no caso de voos compartilhados. O fretamento de aeronaves de passageiros saindo de países vizinhos custa cerca de 70 mil dólares. Para um grupo que não conseguiu voltar da Tailândia a companhia apresentou um orçamento, não aceito, de 1,7 milhão de dólares.

Aos interessados, é só acessar o aplicativo da startup e solicitar um orçamento. Os voos programados aparecem em destaque. Na última quinta-feira, 16 de abril, voar no mesmo dia para Brasília, saindo de São Paulo, custava R$ 1.725, só a ida. Fretar um jatinho no domingo seguinte para sete pessoas de Buenos Aires a São Paulo estava saindo por 68 mil reais. De Frankfurt para a capital paulista na quarta-feira seguinte, em uma aeronave para dez pessoas, eram mais de 430 mil reais. A Flapper também decolou cinco vezes a serviço de equipes médicas, deslocadas para ajudar no combate à Covid-19, e acredita que poderá ser requisitada para outros voos do gênero.

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