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Filósofo Antonio Paim morre em São Paulo

Historiador baiano tinha 94 anos. Fundador e presidente de honra da Academia Brasileira de Filosofia, ele foi vencedor do Prêmio Jabuti com 'A história das ideias filosóficas no Brasil'

Antonio Ferreira Paim, filósofo e historiador: Paim integrava o Instituto Liberal e era considerado um dos grandes expoentes do pensamento liberal brasileiro (Academia Brasileira de Filosofia/Reprodução)

Antonio Ferreira Paim, filósofo e historiador: Paim integrava o Instituto Liberal e era considerado um dos grandes expoentes do pensamento liberal brasileiro (Academia Brasileira de Filosofia/Reprodução)

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Agência O Globo

Publicado em 1 de maio de 2021 às 12h33.

Filósofo e historiador, o baiano Antonio Ferreira Paim morreu nesta sexta-feira, aos 94 anos. Fundador e presidente de honra da Academia Brasileira de Filosofia, Paim integrava o Instituto Liberal e era considerado um dos grandes expoentes do pensamento liberal brasileiro. Em 1985 venceu o Prêmio Jabuti, com o clássico “A história das ideias filosóficas no Brasil”. A causa da morte não foi divulgada.

Paim vivia em uma casa de repouso para idosos no Jardim Bonfiglioli, em São Paulo. Nascido em Jacobina, na Bahia, em 7 de abril de 1927, o filósofo cursou Filosofia na Universidade Lomonosov, na União Soviética, e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em que também atuou como professor. Lecionou ainda em programas de graduação e de pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), Universidade Gama Filho, Universidade Presbiteriana Mackenzie, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e na Universidade Católica Portuguesa.

Estudioso do marxismo na Universidade Estatal de Moscovo, Paim foi um militante do Partido Comunista Brasileiro. Posteriormente, porém, deu uma guinada e foi ao encontro do liberalismo democrático, passando a ser crítico do marxismo. A partir de então, seus estudos se concentraram na história da política brasileira, no pensamento filosófico luso-brasileiro e no próprio liberalismo. Entre os seus livros, estão "História das ideias filosóficas no Brasil", "Problemática do culturalismo", "A querela do estatismo", "O liberalismo contemporâneo", "Marxismo e descendência" e "História do liberalismo brasileiro".

Em entrevista à revista Época, em janeiro de 2019, o filósofo falou sobre sua relação com Vélez Rodriguez, ex-ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro e de quem foi professor na década de 1970. “No primeiro dia de aula, ele falou em América Latina. Eu disse a ele: Você ganhou uma bolsa para estudar pensamento brasileiro. Não me venha com conversa de América Latina, que isso não existe aqui’. Ele, ainda um garoto, não respondeu nada e ficou em pânico”, contou Paim sobre Vélez, que deixou o governo envolvido em polêmicas. “O Brasil é o único país do mundo, além da França, onde o comunismo parece que não acabou”, afirmou na mesma entrevista.

Em nota, a Academia Brasileira de Filosofia lamentou a morte de Paim. Segundo o comunicado, "Paim notabilizou-se pelos seus estudos em Filosofia, em História da Filosofia no Brasil e pela meditação sobre as questões maiores do pensamento brasileiro. Em sua vasta obra destaca-se a 'História das Ideias Filosóficas no Brasil', um clássico ainda não superado." Já o Instituto Liberal, também em nota, destacou o "imenso legado para todos que trabalham para estruturar a alternativa liberal em bases sólidas."

 

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