Federico Fellini: cineasta é um dos nomes mais importantes da sétima arte na Itália (Creative Commons/Creative Commons)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de abril de 2020 às 13h14.
Em apenas dois filmes interpretados por sua mulher, Giulietta Masina, é possível identificar a evolução, e quem sabe os limites, de Federico Fellini como artista. Do neorrealismo tardio de As Noites de Cabíria, de 1957, à extravagância visual de Julieta dos Espíritos, de 1965, há uma curva dramática muito interessante. Os dois filmes serão apresentados nesta quarta, 1º pelo Telecine Cult, às 19h50 e 22h.
Cabíria, a prostituta que já havia aparecido em Abismo de um Sonho, de 1952, vira agora protagonista. É uma personagem típica da Itália miserável do pós-guerra (e do neorrealismo). Vive à noite, habita um pardieiro. É abusada pelos homens, chega ao limite do desespero - “Mata-me, não quero mais viver” -, mas não perde a capacidade de sonhar. Bastam uns músicos de rua para fazê-la querer viver de novo.
Com Oito e Meio, de 1961, Fellini voltou-se para o próprio umbigo. Tornou-se seu personagem preferido. Julieta, o primeiro filme longo do diretor em cores, chegou a ser definido como um Oito e Meio feminino. Enche os olhos, mas na ficção, como na realidade, o marido é mulherengo. Giulietta faz dona de casa reprimida que libera seus desejos por meio dos espíritos. Um Fellini psicanalítico, junguiano. E, segundo as feministas, machista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.