Cena do filme "Roma", do mexicano Alfonso Cuarón: concorrente tanto na categoria de "Melhor filme estrangeiro" como na de "Melhor filme" (Carlos Somonte/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de fevereiro de 2019 às 20h01.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2019 às 20h01.
Foi-se o tempo em que os candidatos ao Oscar de filme estrangeiro ficavam limitados ao gueto da sua categoria. Hoje, o favorito nesse quesito, o mexicano Roma, concorre em outras nove categorias, inclusive na principal, a de melhor filme, na qual também é a aposta mais cotada.
Outro candidato a filme estrangeiro, Guerra Fria, do polonês Pawel Pawlikowski, concorre em direção e fotografia. O alemão Não Deixe de Lembrar compete em filme estrangeiro e em fotografia.
Este quesito, aliás, apresenta uma particularidade no Oscar 2019 - dos cinco indicados para melhor fotografia, três são estrangeiros: Roma, Guerra Fria e Não Deixe de Lembrar.
Tudo isso é mais um sintoma - entre vários - da abertura da premiação mais badalada do cinema internacional. Premida por reivindicações seguidas da comunidade negra, mulheres e LGBTs, a Academia ampliou-se, adotou a diversidade como palavra de ordem e abriu-se a um pluralismo internacionalista.
Dito isso, há que reconhecer também a boa seleção de obras que concorrem na categoria de "língua não inglesa", como ela se denomina.
O esplêndido Roma é, de fato, o favorito com o memorialismo do diretor Alfonso Cuarón, que elege não a sua própria figura como protagonista, mas a babá da sua infância, Cléo (Alitzia Aparicio, que também concorre a melhor atriz). Cheio de ternura, dirigido por um homem, porém com alma feminina, Roma é tecnicamente impecável, com sua rigorosa fatura em preto e branco filmada em 65 mm.
Em preto e branco também é o polonês Guerra Fria, sobre um casal que vive seu amor difícil tendo por pano de fundo um período histórico cheio de tensões. Já em cores vivas é o belo e triste Cafarnaum, de Nadine Labaki, que representa o Líbano e fala da infância desassistida. Assunto de Família, do japonês Hirokazu Kore-Eda, põe o dedo na ferida da pobreza em seu país e aponta para novas configurações familiares.
São filmes que convergem em seu conteúdo humanista. Num mundo errado e reacionário, o Oscar faz a coisa certa: avança.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.