Em comunicado, a Fifa afirmou estar "extremamente satisfeita" com o desempenho dos juízes na Copa (Carlos Barria/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de julho de 2018 às 13h56.
Zurique - Três dias depois de a Copa do Mundo ser encerrada com a vitória da França sobre a Croácia, por 4 a 2, no último domingo, em Moscou, a Fifa resolveu se pronunciar oficialmente para trazer a sua análise sobre a atuação dos árbitros na competição e também para falar da implantação da arbitragem de vídeo (VAR, na sigla em inglês) nas partidas.
Por meio de comunicado divulgado em seu site nesta quarta-feira, a entidade máxima de futebol ressaltou que ficou "extremamente satisfeita" com o desempenho dos juízes e qualificou o uso inédito deste recurso tecnológico em um Mundial para auxiliar os homens do apito como um "grande sucesso", apesar dos episódios polêmicos que a utilização do próprio VAR ou até mesmo a recusa dos árbitros em recorrer aos seus assistentes de vídeo acabaram provocando em alguns jogos do torneio realizado na Rússia.
"Nós dissemos que queríamos que esta fosse a melhor Copa do Mundo da história e esta foi a melhor Copa do Mundo de todos os tempos. Um papel crucial nesta conquista foi desempenhado pelos árbitros com performances do mais alto nível", afirmou o presidente da Fifa, Gianni Infantino.
Para completar, o órgão fez questão de enfatizar que ficou "extremamente feliz com a aceitação esmagadora do VAR por jogadores, técnicos, torcedores e a mídia". Qualificada como "histórica" e "revolucionária" pela Fifa, a implementação deste recurso também foi exaltada pelo ex-jogador croata Zvonimir Boban, secretário-adjunto geral de futebol da entidade, que supervisionou todo este projeto da arbitragem de vídeo.
"Como já disse o presidente da Fifa, o VAR não está mudando o futebol, mas está limpando o futebol, e isso era nosso objetivo primordial quando começamos o projeto do VAR junto com o IFAB (International Football Association Board, o órgão que regulamenta as regras do futebol mundial)", afirmou Boban, ex-meio-campista que foi o camisa 10 da Croácia na campanha que levou a seleção do país ao terceiro lugar na Copa de 1998, na França.
"A extensa preparação, tanto antes quanto durante o torneio, coordenada e orientada pelo presidente do Comitê de Arbitragem da Fifa, Pierluigi Collina, e pelo diretor de arbitragem da Fifa, Massimo Busacca, produziu resultados excepcionais e estou orgulhoso por ter feito parte desta equipe", completou o dirigente.
Por fim, a entidade reconheceu que o VAR gerou um "fantástico debate" sobre o futebol e suas regras, já que o uso deste recurso ainda está longe de estar consolidado e também foi alvo de críticas pela maneira como foi utilizado neste Mundial em algumas ocasiões.
"Com base no sucesso da arbitragem e no uso do VAR na Copa do Mundo, a Fifa continuará seus esforços para melhorar e desenvolver os padrões gerais de arbitragem e ajudar todas as associações e ligas membro que desejarem implementar o VAR em suas competições", ressaltou o órgão ao finalizar o comunicado divulgado em seu site oficial, que também teve uma foto ilustrada com números sobrepostos, segundo os quais 455 incidentes de partida foram checados por meio da arbitragem de vídeo (um média de 7,1 por jogo), sendo que 20 destas revisões mudaram ou definiram decisões dos juízes.
A interferência da arbitragem de vídeo, por sinal, teve importância fundamental para a França na final do último domingo, contra a Croácia, no estádio Luzhniki, onde um pênalti foi assinalado pelo argentino Nestor Pitana quando o confronto estava empatado por 1 a 1 no primeiro tempo. O juiz apontou a penalidade após ouvir as recomendações dos seus assistentes de vídeo depois de não conseguir flagrar um toque da bola no braço de Perisic quando o croata tentou cortar uma cobrança de escanteio.
O pênalti foi marcado após Pitana ir à beira do campo para rever o lance em uma tevê fixada no gramado exclusivamente para o juiz poder reavaliar lances considerados duvidosos. Griezmann cobrou a penalidade, fez 2 a 1 para a seleção francesa e assim o time comandado por Didier Deschamps pôde ir para o intervalo em uma situação mais confortável antes de marcar mais dois gols no segundo tempo e garantir o bicampeonato mundial.
Vale lembrar também que a não utilização do VAR e depois o seu uso em uma partida seguinte gerou revolta aos jogadores do Brasil na primeira fase do Mundial. No jogo de estreia da seleção na Copa, o mexicano César Ramos não quis nem sequer rever um lance com seus assistentes de vídeo após Zuber empatar o confronto por 1 a 1 para a Suíça em uma jogada na qual completou de cabeça uma cobrança de escanteio logo após dar um empurrão no zagueiro Miranda.
Já no segundo confronto da equipe de Tite na Rússia, contra a Costa Rica, o holandês Bjorn Kuipers chegou a assinalar um pênalti em um lance envolvendo Neymar no segundo tempo, mas depois cancelou essa marcação ao concluir que o atacante simulou uma queda ao rever a jogada por meio do VAR. No finzinho do duelo, porém, o Brasil garantiu a vitória por 2 a 0 com gols de Philippe Coutinho e do próprio Neymar.