Casual

Fezes de mamífero aromatizam o café mais caro do mundo

O metabolismo do mamífero é capaz de aproveitar a polpa da baga, mas a semente não é digerida e então é devolvida, mais rica, à terra

Café: o café, de forte aroma e intenso sabor com pitadas de caramelo e baunilha, fez sucesso entre os paladares mais apurados (FERNANDO MORAES / Veja São Paulo)

Café: o café, de forte aroma e intenso sabor com pitadas de caramelo e baunilha, fez sucesso entre os paladares mais apurados (FERNANDO MORAES / Veja São Paulo)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2012 às 08h36.

Ubud - Uma receita original que contém fezes de um pequeno mamífero, a civeta, alimentada com grãos de café, é usada na Indonésia para elaborar o Kopi Luwak, considerado o café mais caro do mundo.

A origem da produção do Kopi Luwak (café de civeta, em indonésio) é ainda um mistério, mas o processo, realizado principalmente nas ilhas de Sumatra, Java e Bali, se baseia em alimentar os animais com os frutos das plantas de café e depois recolhê-los das fezes do mamífero.

O resto da tarefa é feito pelos empregados das empresas produtoras, incluindo a limpeza do grão de café do tipo arábico ou robusta e em seguida os processos de tostá-los e moê-los.

"A civeta não chega a digerir todo o grão de café maduro, as enzimas de seu estômago o modificam e fornecem características que o tornam único", explicou à Agência Efe Dwija Wati, trabalhadora de uma produtora de Kopi Luwak do norte de Bali.

O metabolismo do mamífero é capaz de aproveitar a polpa da baga, mas a semente não é digerida e então é devolvida, mais rica, à terra.

Wati acrescenta que a civeta tem "essa capacidade especial, por isso o processo não pode ser feito com outros animais".

No entanto, o ritmo de produção é lento. Cada civeta é capaz de digerir por dia uma média de 25 grãos e essa é a razão principal pela qual o quilo de Kopi Luwak custa US$493 na Indonésia e o preço aumente fora do país.

"O resto dos custos são baixos porque encontramos as civetas na floresta, as trazemos para a plantação e as alimentamos com grãos de café e fruta, mas precisam de muito tempo para produzir cem gramas", detalhou Wati.

Rodeados de terraços de arroz e templos hinduístas, mais de 25 cafezais do norte da ilha de Bali se dedicam a produzir Kopi Luwak, apesar disso "a produção total nacional não chega nem aos 1.500 kg", disse a jovem especialista.


No passado, os produtores recolhiam os sedimentos das civetas na floresta, no entanto, há alguns anos a maioria conta com fazendas onde mantêm os animais enjaulados, uma medida que propiciou o sucesso deste tipo de café.

Para que os visitantes compreendam o difícil processo que há por trás de sua xícara de café, muitas fazendas como a de Wati permitem visitas às civetas, assim como alimentá-las com grãos para ver como escolhem as melhores. Os visitantes também têm a oportunidade de contemplar os sedimentos cheios de grãos de café e observar o processo de limpeza e de tosta.

"Deste modo, apreciam melhor nosso trabalho", disse.

O café, de forte aroma e intenso sabor com pitadas de caramelo e baunilha, fez sucesso entre os paladares mais apurados dos países europeus, Japão e dos Estados Unidos, no entanto, na Indonésia não faz muito sucesso entre a maioria dos consumidores.

Embora o principal mercado continue sendo o local, quase todas as pequenas empresas que se dedicam a produzir este café procuram aumentar sua exportação, já que no país asiático uma xícara custa cerca de US$ 6, enquanto nas capitais de outros países do mundo seu preço oscila entre US$74 e US$123.

Gusti, um hoteleiro da cidade balinesa de Ubud, explicou à Efe que o café "é caro demais" para os salários indonésios, motivo pelo qual a imensa maioria das cafeterias do país não o oferecem a seus clientes, e que, além disso, o sabor é muito forte.

"Ao contrário dos estrangeiros, os indonésios preferem comer pimenta e beber doce. Eu prefiro tomar café mais normal, para mim é amargo demais", argumentou. 

Acompanhe tudo sobre:AnimaisÁsiaCaféCommoditiesIndonésia

Mais de Casual

Quanto custa viajar para Tóquio?

Emar Batalha e Giuliana Romano lançam coleção cápsula para o Dia das Mães com causa social

Os 39 melhores restaurantes de São Paulo segundo ranking EXAME Casual 2025

Com veterano da marinha, "Tempo de Guerra" revive momento trágico do conflito entre EUA e Iraque