Festival de Berlim: "Gostaríamos de usar nossas atividades para mergulhar mais fundo no debate #MeToo do que um tapete permitiria", disse o diretor Dieter Kosslick (Hannibal Hanschke/Reuters)
Reuters
Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 16h18.
Berlim - Os organizadores do Festival Internacional de Cinema de Berlim recusaram nesta quarta-feira um pedido para fazer as estrelas de cinema percorrerem um tapete preto, e não vermelho, como símbolo de apoio a uma campanha contra o assédio sexual na indústria.
Depois da cerimônia do Globo de Ouro em janeiro, na qual as pessoas vestiram preto no tapete vermelho para expressar solidariedade com o movimento, mais de 21 mil pessoas assinaram uma petição solicitando que o próprio tapete mudasse de cor na "Berlinale" deste ano.
Mas um dia antes do início do festival, seu diretor, Dieter Kosslick, disse que entende as razões da campanha, mas que rejeitou uma "política simbólica" e que, em vez disso, quer se concentrar em eventos que debatem o assédio sexual.
"Gostaríamos de usar nossas atividades para mergulhar mais fundo no debate #MeToo do que um tapete permitiria, por isso não planejamos colocar um tapete preto na Berlinale", disse Kosslick.
O festival já havia anunciado um debate de uma comissão sobre assédio sexual, um espaço de aconselhamento e um seminário que estimulará as mulheres que foram assediadas a se pronunciar e buscar maneiras de aumentar a igualdade na indústria do cinema.
Kosslick disse que certos filmes foram retirados da programação devido a alegações de abuso sexual contra pessoas envolvidas nas produções, mas não quis identificá-los.
Cerca de 400 filmes serão exibidos na 68ª Berlinale, que começa com "Isle of Dogs", animação do diretor norte-americano Wes Anderson sobre um menino em busca de seu animal de estimação em um aterro sanitário onde uma cidade fictícia exilou todos seus cães.