Felipe Massa veste bandeira do Brasil e acena ao público em evento da Heineken no Rio (Lucas Sá/Heineken/Divulgação)
Anderson Figo
Publicado em 6 de novembro de 2018 às 21h09.
Rio de Janeiro — O ronco do motor de um carro da Williams Racing emocionou os fãs da Fórmula 1 que passavam pela Enseada do Botafogo, no Rio de Janeiro, no último domingo (4). Dentro dele, também emocionado, estava o piloto brasileiro Felipe Massa. Aposentado desde o ano passado da mais importante categoria do automobilismo mundial, ele levantou os milhares de espectadores que foram conferir o megaevento organizado pela Heineken na capital fluminense.
"Trazer emoção para as pessoas, o barulho, o show, é o que as pessoas querem. Estou adorando fazer parte de um evento como esse na cidade maravilhosa. Sentir o carinho das pessoas comigo, me dando parabéns pela minha carreira, é maravilhoso. Você percebe que as pessoas estão sentindo falta de ter um piloto brasileiro correndo na F-1 para levantar a nossa bandeira, por isso as pessoas curtem ainda mais um evento assim", disse Massa a EXAME VIP.
O piloto voltou a criticar a falta de apoio à categoria de base do esporte no Brasil, especialmente agora que não temos um brasileiro na F-1 pela primeira vez em 48 anos. "Tem que ter empresas que acreditam em formar pilotos brasileiros, que acreditam no futuro do automobilismo do Brasil. Falta incentivar mais isso. Não somente as empresas, mas também a mídia, por exemplo. Tem que ser um empenho de todos, começando pelo kart. Eu realmente espero que a gente tenha um piloto brasileiro na F-1 de novo o mais rápido possível porque está fazendo falta."
Em entrevista a EXAME VIP há duas semanas, o piloto já havia ressaltado que ele mesmo chegou a formar uma categoria de base no Brasil, mas que acabou não dando certo porque não teve ajuda ou apoio nenhum. Sobre seu novo desafio, a Fórmula E —categoria similar à F-1, mas com carros elétricos—, Massa disse que segue treinando para superar as dificuldades.
"O treino do mês passado em Valência [Espanha] foi positivo. Eu consegui aprender mais sobre o carro e consegui fazer bons tempos. Melhorei do primeiro dia até o último em relação a quão competitivos a gente estava. No primeiro dia, fui décimo. No segundo, fui quinto. No terceiro, na chuva, estava sempre entre os três primeiros. Tive um problema à tarde e acabei não completando o dia da maneira certa, mas sem dúvida foi positivo. A pista é muito diferente. Preciso aprender todos os traçados porque não conheço nenhum, mas estou muito empolgado", afirmou o piloto.
Massa percorreu a pista de 800 metros montada pela Heineken na Enseada de Botafogo três vezes, indo e voltando com o carro da Williams enquanto o público vibrava a cada "zerinho" e manobra que o piloto fazia. Ao final, ele fez uma "volta da vitória" dentro de uma Mercedes-Benz conversível, segurando uma bandeira do Brasil e acenando aos espectadores, que gritavam seu nome. Numa quebra de protocolo, também desceu do carro e colou na grade para tirar fotos com as pessoas.
Além das exibições comandadas por Felipe Massa, o megaevento da Heineken no Rio contou com DJs, apresentação de drifting racing, performance de motos acrobáticas e um show da cantora Preta Gil. A ação começou às 9h e deveria durar até o fim da tarde, mas teve seu término antecipado para 13h por causa da realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no entorno da Enseada de Botafogo. O imprevisto não prejudicou o saldo positivo do evento, segundo os organizadores.
"A Heineken sempre que patrocina um evento busca criar histórias que vão além da comunicação através de placas e anúncios. A gente busca traduzir isso em experiências. Este ano na F-1, a campanha global da marca fala muito sobre grandes performances, que são fruto do trabalho em equipe. As pessoas só veem o piloto lá, brilhando na pista, mas para ele estar ali é preciso uma equipe gigante por trás. Nosso desafio foi traduzir isso em uma ação no Brasil, já que pela primeira vez em 48 anos não temos um brasileiro na categoria. A saída foi montar o nosso próprio time. Nos unimos à Williams Racing e decidimos que, já que não temos brasileiros correndo em Interlagos, vamos levar os brasileiros para correr fora de lá", disse Vanessa Brandão, diretora de marketing da Heineken Brasil.
Segundo a executiva, a ideia foi levar a emoção da Fórmula 1 para quem nunca teve a oportunidade de ver uma corrida da categoria de perto. "Assistir ao vivo é muito diferente do que na televisão. Quem sabe quando chegar o próximo piloto nosso na F-1 o coração do brasileiro já esteja em ritmo bastante acelerado para vibrar por ele. Quem sabe conquistamos mais fãs desse esporte tão bacana."
Sobre o fato de a Heineken ser uma marca de cerveja premium que patrocina um evento automobilístico poder causar certa estranheza no público, Vanessa afirmou que isso já foi superado. "Nós temos o compromisso de destinar 10% de todos os investimentos da marca ao redor do mundo em campanhas de consumo consciente do nosso produto. Sabemos que no Brasil os motoristas ainda dirigem quando bebem, mas não queremos isso."
Ela citou um experimento realizado no Brasil que mostrou que 60% dos motoristas que saem de casa determinados a não beber acabam mudando de ideia ao longo da noite. "Quando você tem reforço positivo [como mensagens escritas espalhadas pelo bar ou nas embalagens sobre o risco de beber e dirigir], isso tende a mudar. Mais de 25% dos que estavam ali pensando em beber, acabam desistindo. O consumo de cerveja tem que ser associado a momentos de diversão e não a algo que cause problemas, por isso são de extrema importância as nossas ações de consumo responsável."
A Heineken patrocina a Fórmula 1 desde 2016 e essa já é a maior campanha da marca no ano. "Mais de um quarto dos investimentos da Heineken estão nas ações ligadas à F-1", disse Vanessa. Sem abrir números de gastos e projeções de retornos, a executiva disse que a exposição da marca em megaeventos como o Heineken F-1 Experience Rio 2018 vale a pena. "Temos uma estimativa de público entre 60 e 80 mil pessoas no evento. Se todo mundo que está aqui quiser compartilhar a experiência através de um post, você consegue expandir isso para muito mais gente. Vai além do Rio, alcança o Brasil inteiro. É a amplificação da mensagem."
Segundo o gerente de marketing da Heineken Brasil, Guilherme Retz, a Fórmula 1 é o melhor espaço para a marca reforçar a ideia de que bebida e direção não combinam. "A gente precisava dessa estranheza [de uma marca de cerveja patrocinar uma categoria automobilística]. Se você assistir a qualquer corrida da F-1, sempre vai ver as placas de 'when you drive, never drink' [quando você beber, nunca dirija]. Além disso, a F-1 nos oferece o alcance a uma audiência complementar a que a gente tem em relação ao público de outros patrocínios da marca, com a UEFA Champions League ou Rock in Rio, por exemplo."
Depois do Rio, o Heineken F-1 Experience vai ter uma nova edição, agora em Porto Alegre (RS). O megaevento vai acontecer no dia 10 de novembro, sábado, no Gasômetro, a partir das 9h. Quem vai pilotar um carro da Williams Racing dessa vez será o piloto Rubens Barrichello, que correu na principal categoria do automobilismo mundial de 1993 a 2011 —tornando-se o piloto mais experiente da história da F-1. A entrada é gratuita.