O sócio-diretor Constantino Bittencourt: a pouca oferta de hotelaria de luxo na cidade justifica o investimento. (Leandro Fonseca/Exame)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 20 de abril de 2023 às 08h49.
A inauguração de um novo hotel Fasano é sempre um acontecimento no segmento de hospitalidade. Mais significativo ainda é que pela primeira vez o grupo terá duas unidades em uma mesma cidade, no caso São Paulo, onde a história da marca começou, em 1902. O Fasano Itaim ficará perto da Avenida Faria Lima, centro financeiro do país, a apenas 3 quilômetros do primeiro hotel da rede, nos Jardins.
De um edifício é possível avistar o outro. “Acho que serão hotéis complementares”, diz Constantino Bittencourt, sócio-diretor do grupo Fasano. “Teremos um público corporativo, mas não só. O Itaim tem muitos parques, bares e restaurantes de alto padrão.”
O hotel Fasano está perto da Faria Lima, mas não colado. Fica na Rua Jerônimo da Veiga, a 15 minutos a pé da avenida onde ficam os escritórios de bancos e corretoras de investimento.
O projeto teve início cinco anos atrás e era bastante aguardado. A inauguração agora tem data: está prevista para 8 de maio. A EXAME Casual visitou o prédio um mês antes da abertura, em primeira mão. Fora um ou outro detalhe, as instalações já estavam prontas.
Todo hotel Fasano é igual e todo hotel Fasano é diferente ao mesmo tempo. São os mesmos ingredientes, com um ou outro tempero regional, que resultam em sabores completamente diferentes. Tijolos aparentes, muita madeira, luz indireta e móveis clássicos fazem parte da receita do Fasano. O arquiteto do prédio do Itaim é Marcio Kogan, que assinou o projeto do hotel dos Jardins com Isay Weinfeld. Uma mudança em relação à outra unidade é o mobiliário, mais contemporâneo. No novo Fasano estão dispostos sofás, poltronas e mesas da Minotti, tradicional empresa italiana de mobiliário, com destaque para as linhas Brasília e Daiki, desenhadas pelo Studio MK27, de Kogan. Também estão distribuídas pelo espaço peças de designers nacionais, como o banco GB, de Geraldo de Barros, e a poltrona Del Rei, do polonês naturalizado brasileiro Jorge Zalszupin.
São 20 andares e 107 apartamentos, com tamanhos entre 30 e 190 metros quadrados, divididos em seis categorias. O quarto maior tem dois dormitórios, dois banheiros, revestimento em mármore basalto e painéis de madeira, amplas salas de estar e de jantar, esta com mesa de oito lugares. As suítes têm luminárias e móveis de antiquários originais da França, Itália e Brasil, garimpados por Ana Joma Fasano e Gero Fasano, além de gravuras emolduradas e penduradas nas paredes compradas em Veneza.
No andar térreo do prédio, ao fundo da recepção, está a segunda unidade do restaurante Gero na capital paulista. O espaço, que conta com 100 lugares, abriga também uma agradável varanda externa, protegida por um jardim. A localização está integrada ao lobby. O Fasano tem tradição de manter pratas da casa. É assim com a cozinha do novo hotel. A casa será comandada pelo chef Lomanto Oliveira, com 18 anos no grupo e passagens pelo restaurante Fasano de São Paulo, pelo hotel e restaurante Gero no Rio de Janeiro e, por último, pelo hotel Fasano Salvador.
“Acreditamos que o Gero será uma atração do bairro, atraindo moradores e visitantes. A graça para quem se hospeda em um hotel é conviver com as pessoas locais. Vamos ver como vai ser na prática”, diz Bittencourt. O restaurante possui uma sala privativa para até 20 pessoas, para comemorações pessoais ou jantares de empresas. Aliás, a aposta na volta dos encontros corporativos fica evidente com a sala de eventos que fica no primeiro andar, com vista para as copas de árvores na rua.
Como sempre acontece, a expansão da marca é patrocinada por sócios locais que bancam o terreno e a obra. Valores não são divulgados. O Fasano Itaim, que também inclui uma torre residencial, foi desenvolvido pela Even, em um terreno de quase 5.000 metros quadrados. A empresa vendeu 80% de sua participação para a Gafisa, em um negócio avaliado em 330 milhões de reais, que depois foi repassada para três sócios do banco Master.
A expectativa para o Fasano Itaim é alta. A estimativa de ocupação para o primeiro ano é de 50%, considerada boa para um início de operação. No setor de luxo dificilmente essa taxa passa de 70%. As tarifas começam em 2.080 reais, compatíveis com o segmento e os demais hotéis do grupo. “Enxergamos uma oportunidade”, diz Bittencourt. “Estudamos outras cadeias que têm duas operações em uma mesma cidade, como Nova York, Miami, Istambul.”
Para o segundo semestre, está prevista a abertura do Residencial Fasano Cidade Jardim, empreendimento com clube, hotel, residências privadas e residências em multipropriedade, conectado ao shopping Cidade Jardim, da JHSF, mesmo grupo controlador da marca Fasano.
O sócio-diretor do Fasano faz uma conta para explicar o potencial de São Paulo. “Somando os hotéis de luxo da cidade temos por volta de 500 quartos. É pouco”, diz. Entram nessa lista o próprio Fasano dos Jardins, Unique, Emiliano, Tangará e Rosewood. “Isso para uma cidade pulsante, com um centro financeiro sólido, com muitos eventos sociais e culturais.” A aposta faz mesmo sentido. Ainda mais para um grupo de nome italiano, mas cidadania paulistana.