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Fãs de Djokovic protestam contra retenção do tenista em Melbourne

O visto de Djokovic, que é cético em relação à vacinação anticovid e não quer revelar se foi imunizado, foi cancelado na quarta-feira por descumprir as regras sanitárias para cruzar a fronteira australiana

Fãs com cartazes do tenista Novak Djokovic em frente ao centro onde o atleta está retido. (AFP/AFP)

Fãs com cartazes do tenista Novak Djokovic em frente ao centro onde o atleta está retido. (AFP/AFP)

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Reuters

Publicado em 7 de janeiro de 2022 às 10h06.

Fãs do tenista sérvio Novak Djokovic protestaram nesta sexta-feira (7) contra a retenção do número um do mundo na Austrália, situação que gerou reação furiosa da Sérvia.

Enfrentando a chuva, 50 pessoas - incluindo fãs de tênis, manifestantes antivacinas e defensores dos direitos dos migrantes - se reuniram neste dia de Natal ortodoxo em frente ao centro de retenção em Melbourne.

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"Viemos para apoiá-lo, porque é o nosso Natal, e ele está passando por momentos difíceis", disse Sash Aleksic, em frente às instalações.

Nem todos os manifestantes eram fãs de Djokovic.

"Refugiados são bem-vindos, Djokovic não é", gritava um grupo até a intervenção da polícia para separá-lo dos fãs do atleta.

O centro de detenção, localizado no antigo Hotel Park, abriga 32 refugiados e requerentes de asilo, presos no rígido sistema de migração australiano.

Acredita-se que o tenista sérvio esteja entre eles, mas as autoridades se recusam a dizer onde Djokovic está sendo mantido.

Por enquanto, o tenista de 34 anos passará o Natal ortodoxo à espera da batalha judicial contra o cancelamento de seu visto para participar do Aberto da Austrália.

A dez dias do início do torneio (de 17 a 30 de janeiro), não se sabe se o sérvio conseguirá buscar sua décima vitória em Melbourne, a quarta consecutiva, e quebrar o recorde de 21 Grand Slams. Apenas ele, Roger Federer e Rafael Nadal ostentam esta marca.

O visto de Djokovic, que é cético em relação à vacinação anticovid e não quer revelar se foi imunizado, foi cancelado na quarta-feira por descumprir as regras sanitárias para cruzar a fronteira australiana.

O sérvio conseguiu adiar sua expulsão pelo menos até segunda-feira, quando seu caso será examinado por um juiz de Melbourne.

A Austrália quase não permite a entrada de estrangeiros em seu território e os poucos autorizados devem apresentar comprovante de vacinação completa, ou isenção médica.

O sérvio obteve dispensa médica dos organizadores da competição, mas seus requisitos são sutilmente diferentes. Por exemplo, uma infecção recente de covid permite disputar o torneio, mas essa condição não garante o acesso ao país.

A reação da Sérvia foi furiosa. O presidente Aleksandar Vucic denunciou o "infame" hotel onde se encontrava o tenista e denunciou a "perseguição política" contra seu herói nacional.

Em Belgrado, a família do tenista organizou uma manifestação na véspera do Natal ortodoxo, a religião majoritária no país balcânico.

"Jesus foi crucificado e submetido a muitas coisas, mas ele resistiu e ainda está entre nós. Novak também foi crucificado da mesma forma, o melhor atleta e homem do mundo", assegurou seu pai Sdrjan.

"Eles estão mantendo-o como um prisioneiro. Não é justo. Não é humano", lamentou sua mãe Djina, em declaração à imprensa na manifestação.

Nesta sexta, a ministra australiana do Interior, Karen Andrews, negou que Djokovic estivesse detido e revelou que outras duas pessoas da delegação do torneio estão sob investigação. Não especificou se são jogadores, ou treinadores.

"Djokovic não está preso na Austrália. Ele está livre para sair quando quiser, e a guarda de fronteira facilitará isso", garantiu.

O caso colocou em apuros o governo do primeiro-ministro Scott Morrison, questionado sobre a gestão do incidente alguns meses antes das eleições federais de maio.

Sob a pressão da explosão de casos de covid-19 e do colapso do sistema de testagem anteriormente considerado eficaz, Morrison se defendeu por ter revogado o visto de Djokovic no último minuto.

Muitos australianos veem essa polêmica como uma distração, já que o saldo de infecções ultrapassa 70.000 por dia, após quase dois anos sem quase nenhuma infecção.

"Isso está acontecendo enquanto enfrentamos uma grande crise pela ômicron", comentou o vice-presidente da Associação Médica Australiana, Chris Moy.

"É realmente irritante do ponto de vista sanitário (...) Precisamos que os governos se concentrem na crise da saúde, não em coisas estúpidas, francamente", disse Moy.

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