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Da Redação
Publicado em 24 de dezembro de 2012 às 10h18.
São Paulo - Os ídolos do fotógrafo Jairo Goldflus têm uma característica comum: sempre buscaram explorar os desafios oferecidos por essa arte. O americano Irving Penn, por exemplo, cuja assinatura se tornou clássica graças à elegância e ao minimalismo, gostava de isolar seus modelos, tirando-os de seu ambiente natural para registrar as imagens em estúdio, utilizando um fundo artificial. Era ali, Penn acreditava, que se poderia capturar a verdadeira alma do sujeito, fosse um modelo de moda ou o membro de uma tribo aborígine.
O mesmo conceito é utilizado por Goldflus em seu livro "Público", obra sobre a arte do retrato na qual reúne 142 fotos, tiradas entre 2004 e setembro deste ano. No foco, personalidades bem distintas, como Chico Buarque, Fernanda Montenegro e Christian Louboutin. Ali, ele tanto segue a linha mais tradicional, com fotos em preto e branco no cenário de fundo infinito, até retratos mais teatrais, produzidos, como o que mostra Cauã Reymond vestido como a roqueira Courtney Love.
"Um fotógrafo se torna algo maior quando consegue mudar conceitos estéticos, linguagens e a forma de se comunicar", afirma ele, apontando, além de Irving Penn, outros profissionais capazes de dar esse passo decisivo: Richard Avedon, Yousuf Karsh e Sebastião Salgado, mestres da fotografia que trabalharam na publicidade. "Cada um com sua linguagem conseguiu resultados impressionantes."
Entre vários trabalhos, Jairo Goldflus notabilizou-se por um ensaio que fez com a mulher, Gabriela Duarte, durante sua gravidez - ali, a gestação é vista com delicada naturalidade. Também se destaca o improviso proposto ao ator Marcos Caruso, que recebeu 15 chapéus e a incumbência de criar o mesmo número de personagens com cada uma das peças. "O fotógrafo de retratos tem a função de 'fazedor de climas'", acredita. "As pessoas chegam ao estúdio com múltiplas e diferentes expectativas - cabe ao profissional conduzir ao caminho que sua sensibilidade o guia."
Nesse sentido, Goldflus não segue a técnica do ídolo Irving Penn, que, para conseguir imagens expressivas, fotografava o modelo incansavelmente, muitas vezes durante horas, até que ele fosse forçado a baixar a guarda. "Uma imagem nunca sai impunemente daquela pequena caixa preta, ela é feita, mesmo que pequeno, de um momento de consentimento entre o retratado e o fotógrafo", pondera Goldflus. "Sou um curioso, gosto de conhecer, ouvir, falar e trocar pensamentos, fico muito mais tempo conversando que propriamente fotografando em uma sessão, isto não significa que não estamos fotografando. Acredito que as surpresas saem destes momentos de 'lazer'". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
PÚBLICO
Autor: Jairo Goldflus.
Editora: Livre Conteúdo (238 págs., R$ 250)