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Falta paixão no romance de Patrice Leconte “Uma Promessa”

Filme estreia em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba

Rebecca Hall e Richard Madden em cena do filme "Uma Promessa", do diretor francês Patrice Leconte (Reprodução/YouTube)

Rebecca Hall e Richard Madden em cena do filme "Uma Promessa", do diretor francês Patrice Leconte (Reprodução/YouTube)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2014 às 16h20.

São Paulo - Conhecido pela originalidade dos textos, a excentricidade das personagens e a competência técnica de suas realizações, o diretor francês Patrice Leconte (de O Marido da Cabeleireira, Meu Melhor Amigo, A Viúva de S. Pierre e a cínica e humorada animação A Pequena Loja de Suicídios), investe aqui em um romance de época praticamente protocolar.

O filme estreia em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba.

Baseado no conto Viagem ao Passado, de Stefan Zweig (publicado postumamente), que Leconte adaptou com a ajuda de seu usual colaborador Jérôme Tonnerre, o filme conta uma história de amor ambientada na Alemanha em 1912, em que falta justamente paixão.

De forma sintomática, a narrativa carece da emoção e sensualidade (mesmo que um tanto pudica) da obra.

No roteiro, o jovem Friedrich Zeitz (Richard Madden, da série Game of Thrones) é contratado para trabalhar na siderúrgica de Karl Hoffmeister (o extraordinário Alan Rickman).

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Esperto e diligente, o rapaz é logo alçado a secretário pessoal do patrão, que o trata como uma espécie de protegido.

Quando a saúde de Karl degringola, Friedrich passa a conviver na casa do chefe (é até chamado a viver lá) e se torna íntimo da família. Em especial, de Lotte (Rebecca Hall, de Transcendence), a jovem esposa de Karl.

Entende-se que dali nascerá uma paixão arrebatadora, que fará Friedrich decidir entre a lealdade ao chefe e o seu novo amor.

Embora exista atração, materializada na cena em que o protagonista sente o perfume de Lotta no piano (ela toca incessantemente a Sonata Patética de Beethoven), o casal evita expressar seus sentimentos, transparentes para quem assiste.

O desejo só ganha forma quando Friedrich é enviado ao México, levando ambos a firmar a tal promessa do título.

Embora o argumento mostre-se correto, o trabalho realizado por Leconte causa certos estranhamentos.

O primeiro é a fotografia monótona do português Eduardo Serra (outro colaborador constante do diretor), que torna a relação Friedrich/Lotte ainda mais insípida, graças à falta de empatia entre Madden e Hall.

Outro é o irregular tratamento de um ponto chave da trama: a dolorosa passagem do tempo para os possíveis amantes.

Inexplicavelmente, isso não parece fazer efeito sobre as personagens, seja fisicamente, seja nas insossas cartas que Lotte escreve para si mesma, pois é impossível postá-las durante a Primeira Guerra Mundial.

O filme, nesse sentido, não apresenta nenhum dos elementos que marcam o estilo tão original e intenso da filmografia de Leconte – e o tornaram um dos melhores diretores franceses. Uma Promessa, assim, mostra-se frustrante.

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