Voei para NYC várias vezes nos últimos 3-4 anos para ajudá-la a obter o tratamento, disse irmã da estilista (Chip East/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de junho de 2018 às 14h17.
Kate Spade, a célebre estilista americana que se suicidou na terça-feira (5), em Nova York, aos 55 anos, sofria de depressão há tempos e não queria se submeter a um tratamento médico - contou sua irmã ao jornal "The Kansas City Star".
Reta Saffo, dois anos mais velha do que Kate, contou ao jornal que a estilista se automedicava com álcool e não queria se internar em uma clínica para combater sua depressão por medo de afetar a imagem de sua marca, associada à alegria e ao entusiasmo.
Seu suicídio "não foi inesperado para mim", escreveu Reta ao "Kansas City Star" em um e-mail.
"Voei para Napa e NYC várias vezes nos últimos 3-4 anos para ajudá-la a obter o tratamento de que precisava (internação)", acrescentou.
A estilista, cujo verdadeiro nome era Katherine Brosnahan, nasceu e foi criada em Kansas City.
Kate "sempre foi uma menina muito excitável, e sinto que todo o estresse/pressão de sua marca (KS) podem ter sido o gatilho e eventualmente se tornou totalmente maníaco-depressiva", avaliou sua irmã.
Reta disse que ela e o marido da estilista, Andy Spade, tentaram várias vezes convencê-la a se internar na mesma clínica onde Catherine Zeta-Jones ficou para combater seu transtorno de bipolaridade. No último instante, Kate Spade recuou.
"Ela teve medo", afirmou.
"No final, era mais importante para ela manter a imagem de sua marca (a alegre e relaxada Kate Spade). Estava definitivamente preocupada com o que as pessoas iam dizer se soubessem", disse a irmã.
Saffo finalmente desistiu.
"Às vezes, você simplesmente não consegue SALVAR as pessoas delas mesmas!", desabafou.
O site TMZ informou que Spade mergulhou na depressão nessas últimas semanas, porque seu marido Andy Spade queria se divorciar.
Embora a estilista insistisse em que não pensava no assunto, como ela sabia que a irmã detesta os funerais e nunca vai a esse tipo de evento, pediu-lhe que fosse a seu enterro, quando acontecesse.
Saffo também contou que o suicídio do ator Robin Williams por enforcamento teve um impacto profundo em sua irmã, que pareceu ficar obcecada com a notícia.
Os psiquiatras advertem que suicídios de pessoas muito conhecidas em geral deflagram outros episódios por imitação. Os especialistas lembram que sempre há ajuda disponível para as pessoas que sofrem de depressão severa.
As reações à morte da fundadora da icônica marca nova-iorquina continuam chegando.
"Kate Spade tinha um dom invejável para compreender exatamente o que as mulheres do mundo queriam vestir. Lançou sua marca em um momento em que todos pensavam que a definição de uma bolsa era estritamente europeia, um símbolo de status e riqueza imposto há décadas", disse a chefe de redação da Vogue, Anna Wintour, em um comunicado.
Especialista em acessórios desde sua época como editora na revista "Mademoiselle", Spade era, sobretudo, conhecida por suas bolsas elegantes e urbanas.
"Depois chegou esta jovem americana que mudou tudo. Houve um momento em que você não andava uma quadra em Nova York sem ver uma das bolsas dela, que eram como ela, coloridas e despretensiosas", acrescentou Wintour.
"Kate desenhou com um grande encanto e humor e construiu um império mundial que refletiu exatamente quem ela era e como vivia. Muito antes de falarmos em 'autenticidade', ela definiu o termo", completou.