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1. A arte que imita a vida
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1/10 (Reprodução/YouTube)
São Paulo - O
cinema vive reafirmando seu poder de nos sacudir de nossa realidade e nos colocar em uma espécie de vivência paralela. Ao articular o imaginário em uma tentativa de representar ou ressignificar o real, ele acaba nos ajudando a compreender eventos da vida. Ao nos identificarmos com um personagem, o cinema auxilia também na compreensão de nós mesmos, como disse certa vez o crítico e cineasta brasileiro Jean-Claude Bernadet. Não à toa, puxamos para nossa rotina aprendizados extraídos de
filmes e com frequência demonstramos certa intimidade entre o que está sendo retratado e o que sonhamos, desejamos ou cultivamos. Algumas cenas, em especial, nos afetam profundamente, deixando até mesmo uma lição de como viver melhor. Já que falta menos de uma semana para a cerimônia do
Oscar 2016, reunimos alguns filmes vencedores da premiação em outras edições para relembrar cenas que, definitivamente, agregam valores e questionamentos para nossa rotina de espectadores. Mas atenção: as cenas abordadas contêm spoilers!
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2. Um Sonho Possível
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2/10
(Oscar de Melhor Atriz para Sandra Bullock em 2010) Quais são as chances de um jovem negro desamparado, retirado da guarda da mãe ainda na infância, e cercado pela violência e pelo tráfico de drogas, se tornar uma pessoa estruturada e ter seus bons princípios de vida motivados? Pela nossa realidade, podemos afirmar que chances assim são mínimas. Nessa adaptação da história real do atleta de futebol americano Michael Oher, a solidariedade da família Tuohy, que o adota, e a perserverança do garoto parecem ter nascido uma para a outra. Cada diálogo entre ele e a mãe adotiva, Leigh Anne, é uma pílula de bons sentimentos. Mas selecionamos uma conversa inspiradora entre Oher e o pai adotivo, Sean. Essa cena nos dá um pouco do sabor de se ter alguém confiando muito em nosso futuro.
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3. Histórias Cruzadas
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3/10
(Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Octavia Spencer em 2012) O filme mostra a relação de uma jovem rica e branca (Skeeter) com duas empregadas negras (Aibileen e Minny) no Mississipi dos anos 1960, com o racismo institucionalizado e garantido por lei. A sinopse por si só é uma lição de vida, mas há um momento em que Skeeter pergunta à mãe o que ocorreu com Constantine, a empregada que criou a garota. Em alguns pouco minutos, um soco no estômago nos faz pensar sobre a condescendência com o racismo escondida em cada silêncio e a maneira como ele perpetua se não nos posicionamos contra.
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4. Toy Story 3
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4/10
(Oscar de Melhor Filme de Animação e Canção Original em 2011) Andy cresceu e sua vida já não comporta as brincadeiras com Woody, Buzz Lightyear e os inseparáveis amigos. Depois de sobreviverem a um fim trágico em um lixão, os brinquedos são doados a uma menininha. Antes de ir embora para a faculdade, Andy encontra Woody no fundo de uma caixa e se despede. É uma comovente lição de parceria e de crescimento. "O Woody tem sido meu companheiro desde sempre. Ele é bravo, como deve ser um caubói. E gentil, e esperto. E o que realmente faz Woody ser especial é que ele nunca desiste de você. Nunca. Você pode contar com ele sempre. Não importa o que aconteça. Você acha que pode cuidar dele?"
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5. Up – Altas Aventuras
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5/10 (Divulgação)
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6. Crash – No Limite
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6/10
(Oscar de Melhor Filme, Roteiro Original e Montagem em 2005) Crash é um dramalhão urbano que explora as tensões raciais na rotina de alguns norte-americanos. Por meio de situações em que testemunhamos os lados de todos os envolvidos, o filme critica o pensamento de que as diferenças (raciais, sociais e ideológicas) não podem fazer as pessoas se encontrarem, mas sim, colidirem. O que mais vemos em cena é a intolerância em suas variadas formas, da mais sutil à mais explícita e desavergonhada. Um exemplo: o comerciante Farhad está disposto a atirar no chaveiro Daniel por conta de um mal-entendido: ele pensa que o chaveiro o trapaceou ao não consertar uma fechadura. Daniel, na verdade, tentou avisá-lo que seria necessário comprar uma porta nova, mas Farhard não entendeu o aviso por não falar inglês. Esse ciclo intolerante e violento é interrompido pela filha de Daniel que, acreditando ter uma capa mágica, se joga na frente do pai quando ele está prestes a levar um tiro. A crença resiste à descrença e o inevitável é corrompido por uma criança, que reescreve a cena e inspira lágrimas em vez de mais um episódio de nervos à flor da pele.
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7. O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei
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7/10
(Oscar de Melhor Filme, Direção para Peter Jackson, Roteiro Adaptado, Figurino, Maquiagem, Montagem, Efeitos Visuais, Som, Trilha Sonora, Canção Original e Direção de Arte em 2004) Você lembra o quanto essa comitiva do Anel andou, certo? E nós aqui, reclamando do cansaço da meia-maratona percorrida de casa até o ponto de ônibus. Depois de escalar montanhas com neve, matar dezenas de bichos, dormir ao relento, racionar um biscoitinho por meses e perder amigos no caminho, os hobbits, elfos, magos e homens da comitiva finalmente conseguiram cumprir a missão de impedir o fim do mundo. Os hobbits – pequenos, sem poderes e insignificantes para alguns – dedicam suas vidas à destruir o Um Anel. E eis que, na coroação do rei Aragorn e seu casamento com a elfa Arwen, o casal convida todos os presentes a se curvarem diante de Frodo, Sam, Merry e Pippin. É a realeza prestando tributo aos comuns, aos simples, aos operários, invertendo papéis. É o líder reconhecendo seus seguidores e valorizando seus esforços. É o presidente da empresa se curvando ao chão de fábrica que dá seu lucro. É a antítese da arrogância.
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8. Perfume de Mulher
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8/10
(Oscar de Melhor Ator para Al Pacino em 1993) A necessidade de um trabalho temporário faz com que o estudante Charlie Simms (Chris O’Donnell) se torne acompanhante do tenente-coronel aposentado Frank Slade (Al Pacino) durante um fim de semana em Nova York – ambos vivem em New Hampshire. O problema é que Simms está sendo pressionado pelo diretor de sua escola, de onde é bolsista, para “dedurar” os estudantes envolvidos em uma “brincadeira” que danificou o carro do diretor. Depois de uma convivência intensa com Simms em Nova York, Slade resolve aparecer no julgamento do jovem. A cena, bastante verbalizada, oscila entre a crucificação de Simms pelo diretor; entre a condescendência com o mimado George Willis Jr (Phillip Seymour Hoffmann) que, por ser rico, é poupado da pressão escolar; e o belíssimo e inflamado discurso com que Slade, agora cego, amargurado e, nas palavras dele, “muito velho”, emociona a comissão julgadora. Enquanto uma instituição educativa, fundada no princípio de educar e ensinar bons valores, tenta corromper o silêncio do aluno com uma ameaça de expulsão, um homem que já não vê sentido na vida se enche de vitalidade para defender ardorosamente a integridade do estudante julgado. Slade é tão persuasivo que convence a comissão julgadora sobre quem merece ser punido e quem merece ser liberado, resultando em palmas convulsionadas dos estudantes. Em tempos de apatia polarizada com exageros, a defesa das integridades silenciosas que enxergamos no nosso dia a dia é mais do que atual. “Não sei se o silêncio de Charlie está certo. Não cabe a mim julgar. Mas sei que ele não denunciará ninguém em troca de um futuro. Isso é integridade. Isso é coragem.”
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9. Gente como a Gente
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9/10
(Oscar de Melhor Filme, Melhor Direção para Robert Redford, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante para Timothy Hutton em 1980) Gente como a Gente é um filme doloroso do começo ao fim: trata-se da rejeição de uma mãe pelo filho que sobreviveu a uma tragédia que matou o irmão – este sim, o filho favorito. O pai tenta manter unida a família que se despedaçou. É uma lavanderia de sentimentos reprimidos, culpas, desamparos e acusações. E nesse turbilhão de emoções mal resolvidas, os diálogos familiares revelam vulnerabilidades preciosas.
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10. Falando em Oscar:
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10/10 (Thinkstock)