Cheesecake basco: Olhando para ele, ninguém nunca imaginaria que o centro se derrete preguiçosamente (Chris Costello/Getty Images)
Júlia Lewgoy
Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 08h47.
Em sua maioria, as sobremesas que causam furor na internet são criações modernas cuidadosamente elaboradas para conquistar usuários do Instagram, como o milkshake de algodão-doce, ou algum híbrido da engenharia reversa, como o cronut, que combina croissant e rosquinha.
No entanto, o mais novo doce a cativar os americanos não é nenhuma dessas duas coisas. Com quase três décadas, ele não é novo. Queimado, ele também não tem um aspecto particularmente bonito.
Um cheesecake sem crosta do País Basco começou a surgir em diversos lugares dos EUA, tanto nas minúsculas cozinhas dos apartamentos - graças a elogios em sites como Food52 (sim, você também deveria prepará-lo) - quanto em restaurantes exclusivos, como o Dialogue, em Los Angeles. Essencialmente, é um cheesecake comum, mas com texturas diferentes, como bordas chamuscadas e um núcleo molengo.
O cheesecake basco pode parecer uma tarefa da aula de culinária que não deu certo - quebradiço, manchado e chamuscado - mas é esse "fator Shrek" que o torna tão sedutor. Olhando para ele, ninguém nunca imaginaria que o centro se derrete preguiçosamente, como o queijo Époisses, nem que as bordas inchadas se dissolvem na boca, como algodão-doce. Também não seria possível prever que as bordas queimadas e caramelizadas são extremamente viciantes.
Essa sobremesa nasceu atrás da porta de vaivém de La Viña, um bar de bairro que serve pintxos (espetinhos de tira-gosto) em San Sebastián, na Espanha, cujos garçons se lembram de seu nome. Embora a região tenha tido um longo caso de amor com cremes, esta sobremesa cremosa não existia antes de ser criada no La Viña.
A lista de ingredientes é surpreendentemente curta: cream cheese, açúcar, ovos, creme de leite e, dependendo de para quem você perguntar, farinha de trigo. O bar usa o bom e velho cream cheese Philadelphia, que era um ingrediente relativamente novo na região basca na década de 1970, e os moradores locais o adotaram.
"Começamos a testar receitas depois de misturar ideias de vários livros de culinária", disse Santiago Rivera, o proprietário, em entrevista ao jornal catalão La Vanguardia. O vencedor saiu de um forno quente como o inferno (205°C).
Estava tão tostado por todos os lados que ninguém sentiu falta da crosta. Isso foi há 29 anos, quando o restaurante fazia um ou dois cheesecakes por dia para o público local; hoje a média é de 20, e a área do bar parece uma reunião da ONU. (Observação para possíveis peregrinos em busca do cheesecake: La Viña estará em reforma até o final do segundo trimestre.)
Alguns artigos elogiosos conferiram fama nacional ao La Viña cerca de uma década atrás; aos poucos, o cheesecake basco foi se tornando famoso mundialmente. Ele fez sucesso primeiro na Ásia, particularmente no Japão, na Turquia e na Malásia, onde foi publicado em setembro um artigo sobre os sete melhores lugares que oferecem cheesecake queimado em Kuala Lumpur.
Rivera tem sido abordado por grandes investidores, como xeques dos Emirados, empresários coreanos e até a marca internacional La Viña, mas ele sempre resiste. O cheesecake queimado pode ter aparecido em quase todos os continentes, mas o único lugar para experimentar o original é em seu bar, aberto há 60 anos.