Guaspari: vinícola em Espírito Santo do Pinhal, a cerca de 200 quilômetros da cidade de São Paulo. (Tuca Reines/Divulgação)
Repórter de Lifestyle
Publicado em 5 de julho de 2024 às 14h41.
Última atualização em 5 de julho de 2024 às 14h42.
Encontrar o terroir perfeito é uma jornada complexa e desafiadora para os viticultores. O conceito de terroir abrange uma combinação única de fatores naturais como o solo, o clima, a topografia e a biodiversidade, que juntos influenciam as características das uvas e, consequentemente, do vinho. Identificar a combinação ideal desses elementos é crucial, mas nem sempre é uma tarefa fácil.
Além dos desafios técnicos, os viticultores também enfrentam limitações práticas e econômicas. Mudanças climáticas e condições meteorológicas imprevisíveis adicionam uma camada extra de complexidade, tornando a busca pelo terroir perfeito uma missão contínua e, muitas vezes, imprevisível. No entanto, é essa busca incansável que leva à produção de vinhos excepcionais e únicos, refletindo a verdadeira essência do terroir.
Uma área do interior de São Paulo, na região da Serra da Mantiqueira, na divisa com Minas Gerais, tem se transformado, nos últimos anos, em um caldeirão de produção de grandes vinhos, inclusive conquistando prêmios internacionais. E um ponto foi fundamental para essa descoberta: a poda invertida, no inverno.
Tradicionalmente a colheita é no verão após a planta ter crescido no inverno. Mas a poda acontece justamente quando a planta começa a produzir as uvas, com a ajuda de irrigação e hormônios. Isso faz com que a planta “durma” no verão e produza durante o outono e o inverno. Fazendo com que a região no interior de São Paulo consiga uma produção de alta qualidade.
Uma das vinícolas que mais difundiu a técnica foi a Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal, a cerca de 200 quilômetros da cidade de São Paulo. Em 2006, foram plantadas as primeiras videiras para testar a resposta das uvas ao solo e ao novo manejo. O primeiro vinho produzido saiu em 2008, sendo que apenas em 2014 as primeiras garrafas foram comercializadas.
De lá para cá, o processo evoluiu muito e agora a vinícola produz 130.000 garrafas por ano, e a Syrah se mostrou a casta que melhor se adaptou ao terroir, como explica Gustavo Gonzalez, diretor de enologia da Guaspari. "Em 2015, tivemos a melhor safra até agora, mas a qualidade evolui constantemente", diz.
O enólogo explica que a vinícola faz uma série de testes em microlotes para avaliar a produção com outros tipos de uvas. As Cabernet Franc e Sauvignon também mostraram bons resultados, além da branca Viognier. Para os próximos anos, ele acredita no desenvolvimento de uma nova evolução. "O próximo grande salto será a produção de vinhos aqui nessa região colhendo durante o verão", diz. Por enquanto, a produção está apenas em fase experimental, mas já há resultados interessantes, segundo Gustavo Gonzalez.
Nesta sexta-feira, 5, a Guaspari começa a vindima 2024 com uma série de novidades de experiências dentro da propriedade. Uma delas comemora os 150 anos da imigração italiana no Brasil com um menu assinado por Jefferson Rueda, d’A Casa do Porco, o 3º melhor restaurante do Brasil, segundo o ranking EXAME 2024. O local também foi eleito o 27º melhor do mundo e 4º da América Latina, segundo o The World’s 50 Best Restaurants.
Famoso por sua cozinha ítalo-caipira, o chef criou um cardápio exclusivo para harmonizar com os vinhos da Guaspari, unindo a sua especialidade - a carne de porco - aos ingredientes sazonais da horta da vinícola. As visitas com o menu estarão disponíveis durante todos os finais de semana de agosto. A experiência é feita somente com reserva no site da vinícola e custa R$ 980 por pessoa.