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Fotógrafos de guerra abrem galeria no Bronx

Depois de retratar as guerras no Iraque e no Afeganistão, Michael Kamber resolveu abrir um local para exposições no bairro nova iorquino

O fotógrafo Tim Hetherington, antes de sua morte, durante uma reportagem em Misrata, na Líbia (AFP/Arquivo / Phil Moore)

O fotógrafo Tim Hetherington, antes de sua morte, durante uma reportagem em Misrata, na Líbia (AFP/Arquivo / Phil Moore)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2011 às 17h04.

Nova York - Após a poeira do Iraque e do Afeganistão, Michael Kamber instalou-se, agora, em Nova York. Esse fotógrafo de guerra premiado acaba de abrir a primeira galeria no Bronx, esperando criar uma passarela entre sua arte e este bairro de má reputação.

O Bronx Documentary Center foi inaugurado há um mês com uma exposição dedicada a Tim Hetherington, o fotógrafo britânico morto, em abril, num bombardeio em Misrata, cidade líbia rebelde, então cercada pelas tropas de Muamar Kadhafi.

Muito ligado a Michael Kamber, o repórter-fotográfico, de 40 anos era, ele também, fascinado pelo Bronx, o bairro mais pobre e multiétnico dos Estados Unidos.

"Conversava muito com Tim sobre a mania de os fotógrafos se dirigirem sempre ao mesmo público, expondo em Chelsea, Soho", disse Kamber à AFP, fazendo alusão aos bairros nova-iorquinhos onde pululam butiques de design e galerias de arte.

Tim Hetherington "amava o Bronx e estava fascinado (pela ideia de instalar, aí, uma galeria) porque seus moradores não têm, tradicionalmente, acesso a esse gênero de exposição", insistiu o fotógrafo, que cobriu a guerra no Iraque para o New York Times, entre 2003 e 2010.

A galeria foi logo adotada pela vizinhança. Estudantes do bairro fazem dela um ponto de encontro para depois da escola, ao mesmo tempo em que passantes empurram, às vezes, a porta, curiosos.

"Vocês fizeram um supertrabalho, obrigada!", comenta uma mulher ao visitar o Centro.

Na sala de exposição, ainda se sente o odor de tinta fresca. Logo na entrada, vê-se o capacete e o colete à prova de balas usados por Tim Hetherington, quando foi atingido por um tiro mortífero, ao lado de seu colega Chris Hondros, também morto no ataque.

Além de contar com uma galeria no térreo, o prédio de tijolos - comprado por Kamber -, abriga jovens fotógrafos nos andares superiores. "É inspirador morar aqui", confia Benjamin Petit, um francês diplomado recentemente no Centro Internacional de Fotografia (ICP).


"Gosto que eles morem e trabalhem aqui, que os passantes parem, que as crianças participem. Na, verdade, neste prédio, construímos uma comunidade", diz Kamber.

Situado no norte de Manhattan, o Bronx é um dos cinco "boroughs" -entidades administrativas- de Nova York. Mas são raros os pontos em comum com a opulenta Big Apple.

Mais de uma pessoa em quatro vive, aí, no limiar da pobreza (contra 15% em média na cidade, em 2010); seus 1,4 milhão de habitantes são de origem hispânica (53%) e negra (36%) (contra 17% e 15%) e a taxa de criminalidade é quatro vezes mais elevada que a média da metrópole.

"É um bairro difícil", admite Danielle Jackson. "Há poucas organizações culturais no Bronx: no conjunto do +borough+ há apenas quatro cinemas. As pessoas, então, mostram-se contentes em nos ver chegar."

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