Eles abriram justamente com Iê-Iê-Iê, música de Arnaldo, título de seu mais recente (e festejado) disco solo (Fernando Schlaepfer/Grudaemmim)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2011 às 09h48.
Rio de Janeiro - Arnaldo Antunes e Erasmo Carlos, dois tortos do iê-iêiê, fizeram a festa no penúltimo dia do Rock in Rio com um arsenal de rock'n'roll básico, extemporâneo. Mantiveram um ritmo dançante, mas ao mesmo tempo sustentando um tipo de anti-micareta, um antídoto contra a tendência mais forte do festival.
Juntos, conseguiram um grande resultado de público (e de auto satisfação) no momento em que tocaram Televisão, hit do disco homônimo dos Titãs no momento em que faziam sua passagem do iê-iê-iê radiofônico (para o qual voltariam) para o hardcore. Seu encontro, duas figuras que parecem fugir do enquadramento há algumas décadas, foi um dos momentos de emoção genuína no festival.
Eles abriram justamente com Iê-Iê-Iê, música de Arnaldo, título de seu mais recente (e festejado) disco solo. Arnaldo está numa fase de sinceridade musical, e sua música tritura do brega nacional mais pisado à canção romântica dos anos 50.
Não é um grande performer, nunca foi, mas Erasmo lhe deu uma mão nos números que fizeram juntos, como Essa Mulher, Sou uma Criança e Jogo Sujo. Com Quero que Vá Tudo para o Inferno, Erasmo mostra que sua devoção ao gênio de Roberto Carlos não prossegue no território das superstições. Erasmo é um eterno gato preto do rock nacional, um monolito de integridade, empurrando goela abaixo das novas gerações o ideário básico do rock'n'roll: nada de frescura, nada de impostura.
Não por acaso, quando uma das meninas da TV que entrevistam os astros no pós-show perguntou pra ele se havia ainda alguma banda que ele gostaria de ver no Rock in Rio, ele respondeu na lata: "Não. Eu já vi o Stevie Wonder, então eu já vi tudo!" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.