Casual

Entrevista com Jefferson Rueda, chef da Casa do Porco Bar

Uma conversa com o chef Jefferson Rueda sobre como estrangeiros enxergam a gastronomia brasileira e as conquistas de seu restaurante

Prato da A Casa do Porco Bar (Casa do Porco Bar/Divulgação)

Prato da A Casa do Porco Bar (Casa do Porco Bar/Divulgação)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 12h33.

São Paulo - Para o horóscopo chinês, 2019 é o ano do porco. Para a gastronomia brasileira, o ano pertence à Casa do Porco. O restaurante do chef Jefferson Rueda e sua mulher, Janaína Rueda, abocanhou a 39ª posição no ranking “The World's 50 Best Restaurants”, a melhor colocação brasileira, e o sexto lugar na lista “Latin America's 50 Best”.

As premiações deram ainda mais visibilidade internacional ao casal e à gastronomia local e aumentou o tempo de espera por uma mesa na Casa do Porco, no centro paulistano. Em conversa com EXAME VIP, o chef fez um balanço do ano que se encerra.

Para quem é de fora, a comida brasileira ainda se resume a churrasco e feijoada?

Não dá para negar que a feijoada e o churrasco ainda são nossos pratos mais emblemáticos. Mas o Brasil já começou a mostrar que tem bem mais a oferecer. Veja a cozinha amazônica e sua riqueza tão particular. Claro que somos muito mais, mas estes pratos podem funcionar como uma porta de entrada para toda a nossa diversidade. Afinal, quem resiste a uma boa feijoada ou a uma deliciosa carne na brasa?

Prato da A Casa do Porco Bar

Prato da A Casa do Porco Bar (Casa do Porco Bar/Divulgação)

Prato da A Casa do Porco Bar

Prato da A Casa do Porco Bar (Casa do Porco Bar)

A chegada do “Guia Michelin” no Brasil e os rankings “The World's 50 Best Restaurants” e “Latin America's 50 Best” ajudaram a diminuir os estereótipos relacionados à gastronomia brasileira?

Acho que o “The World's 50 Best Restaurants” é um prêmio abrangente que reflete as tendências da gastronomia global, inclusive abrindo caminho para uma cozinha mais democrática, mais coerente com o mundo sustentável. E como o ranking gera curiosidade nas pessoas, acredito que, sim, ajude os interessados em gastronomia a ampliarem seu repertório e suas referências. E acho que o “Michelin” vai se adaptar aos novos tempos.

Por que é tão raro chefs brasileiros abrirem restaurantes fora do Brasil?

Porque fica longe.

A Casa do Porco terá unidades fora do Brasil?

Tivemos inúmeros convites para abrir unidades em Nova York, Orlando e Portugal. Mas a Casa do Porco sempre será única.

A Casa Do Porco Bar: Chef Jefferson Rueda

A Casa Do Porco Bar: Chef Jefferson Rueda (Casa Do Porco Bar)

O que falta para o Brasil ficar tão conhecido como o Peru como um destino gastronômico?

O que o Brasil precisa é investir na gastronomia de São Paulo, cidade que não perde para Nova York em nada. Pode abrir portas para o Brasil todo. O que precisava era trazer a cerimônia do “The World's 50 Best Restaurants” para a capital paulista, depois para o Rio de Janeiro, o lugar mais bonito do mundo, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Paraná, Espírito Santo, Pantanal, Amazônia...

Uma vez em São Paulo dá para chegar com uma hora de voo a vários destinos. Temos infraestrutura, a faca e o queijo na mão para mostrar que não somos somente churrasco e feijoada. Também somos moquecas, biomas diversos e ricos, ancestralidade, técnica, diversidade, espiritualidade, generosidade... Cada estado pode contar sua história. E nós da família Rueda estamos dispostos a ajudar no que for preciso e necessário. Amamos nosso país: esse é principal motivo de não termos aberto nada fora do Brasil.

Acompanhe tudo sobre:comida-e-bebidaRestaurantes

Mais de Casual

Como o Eataly quer resgatar a essência da marca: R$ 20 milhões em dívidas quitadas e novas operações

Disney Cruise Line transforma férias em família em experiência mágica em alto-mar

Relógio do capitão que resgatou sobreviventes do Titanic é vendido por R$ 9 milhões

Reuniões em saunas? Empresas do Vale do Silício começam a adotar prática